Lais Ferreira é a primeira mulher trans finalista ao título de Deusa do Ébano do Ilê Aiyê

Ao longo dos mais de 40 anos de concurso, pela primeira vez na história do evento que elege a Deusa do Ébano do Ilê Aiyê, teremos uma mulher trans na disputa do título mais importante da beleza da mulher negra da Bahia.
Além da vitoriosa Laís Fennell, outra mulher trans mostou sua força na seleção, Yara Sereya, que, infelizmente, dentre as 14 candidatas, ficou fora das finalistas selecionadas para a grande noite da Beleza Negra, no dia 8 de fevereiro, quando ocorre o ponto alto da escolha da vencedora.

Laís não escondeu a felicidade pela conquista: “enquanto mulher negra e trans, me sinto incluída em participar dessa oportunidade que o Ilê nos dá, de quebrar a estatística de que uma mulher como eu tem que estar nas ruas. Eu quero mostrar que, assim como eu, outras podem ocupar esse espaço”, afirma.

A conquista de Laís se transformou no assunto mais comentado entre a comunidade LGBTQIAPN+ e nos grupos de WhatsApp.
Como escreveu o professor Rubem Braga , no grupo Resenha das Estrelas, um dos mais movimentados da arte transformista de Salvador: “é isso.
Não podemos negar a potência do Ilê Aiyê, a comissão julgadora formada pelos ícones de um bloco tão tradicionalista.
Ser finalista já é um passo vitorioso, ser eleita então, seria um ganho enorme, tanto para a causa quanto para o bloco. E abre ainda mais espaço para a pauta Trans em espaços religiosos tradicionais como o Candomblé.
Por incrível que pareça, esta é ainda uma discussão muito ampla, visto que muitos terreiros ainda tratam com preconceito os corpos trans”. Escreveu Braga .

Noite da Beleza Negra do Ilê Aiyê é hoje o maior concurso de beleza e exaltação da mulher negra no Brasil. Nele, o Ilê Aiyê elege a Deusa do Ébano (Rainha do Ilê), que tem a missão de levar ao público todo encanto e consciência que a mulher negra necessita para elevar sua auto-estima e censo crítico.
Nosso desejo de muito sucesso, e estaremos lá para celebrarmos esse momento histórico.