Ícone do site Dois Terços

Justiça condena clube a pagar 15 mil a casal gay que sofreu agressões de seguranças

Jovem diz que foi agredido em festa em 2012 em Novo Hamburgo (Foto: Jeferson Paz/Arquivo pessoal)

Jovem diz que foi agredido em festa em 2012 em Novo Hamburgo (Foto: Jeferson Paz/Arquivo pessoal)

Dois anos e meio depois do caso, a Justiça condenou um clube de Novo Hamburgo, no Vale do Sinos no Rio Grande do Sul, a pagar indenização por danos morais ao jornalista Bernardo Guedes, de 37 anos. Segundo o processo, ele e o namorado foram vítimas de agressões, físicas e verbais, por parte de seguranças da festa por serem homossexuais. Ainda cabe recurso.

A sentença é da 3ª Vara Cível de Novo Hamburgo, que condenou a Sociedade Ginástica de Novo Hamburgo a pagar o valor de R$ 15 mil por danos morais. O caso ocorreu em fevereiro de 2012, durante um baile de carnaval. “Eu abracei meu namorado e do nada o segurança em seguida me empurrou e nos xingou. Do nosso lado tinha um casal hétero, se amassando, e para eles estava tudo bem”, desabafa.

Segundo Guedes, o segurança ameaçou expulsá-lo do clube caso seguisse abraçando o namorado em público. O casal continuou na festa, mas foi impedido novamente pelo mesmo segurança de acessar a área vip do clube, onde estava acontecendo a escolha da Rainha do Carnaval. Ele conta que tentava ajudar um colega cinegrafista a conseguir credencial para entrar no espaço reservado, pois trabalhou como jornalista na cobertura do evento em anos anteriores.

“Ele disse que ali não entrava ‘viado’ e me empurrou. Eu caí no chão, me machuquei”, relata, acrescentando ainda que foi agredido com socos e pontapés. Ele conta ainda que ouviu deboches e piadas de outros seguranças. Em seguida, o namorado e uma amiga tentaram intervir. “Eles [seguranças] disseram que iam me levar para uma sala para me bater até eu vai virar homem” recorda.

O casal relata que foi expulso da festa. Ambos prestaram queixa na 3ª Delegacia de Polícia de Novo Hamburgo logo depois. “A gente pensa que nunca vai acontecer uma coisa dessas com a gente. Mas eu fui atrás e procurei meus direitos”, afirma.

O caso foi parar na Justiça e a sentença saiu no último dia 30 de abril. “Não foi por dinheiro. Mas a sentença foi um alívio. Foi como eu tirasse um peso das minhas costas. Eu sabia que não estava errado”, diz.
Na decisão, a juíza Juliane Pereira Lopes diz que “além de situação vexatória, constrangedora e humilhante, houve ofensa à integridade física do autor”, ao referir-se aos socos e pontapés, registrados em fotos por um amigo do casal. “A sociedade está se modificando aos poucos, mas ainda tem bastante preconceito”, analisa a advogada Janete Klein, que defendeu Guedes na ação.

*Com informações do G1.

Sair da versão mobile