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Juiz retira guarda de bebê de casal de lésbicas nos EUA

Redação,
13/11/2015 | 05h11

Da France Presse

April Hoagland e Beckie Peirce em foto de 11 de novembro (Foto: Steve Griffin/The Salt Lake Tribune via AP)

April Hoagland e Beckie Peirce em foto de 11 de novembro (Foto: Steve Griffin/The Salt Lake Tribune via AP)

Um casal de lésbicas perdeu a guarda de uma menina que havia adotado porque um juiz americano do estado americano conservador de Utah considerou que a criança estará melhor com uma família heterossexual.

Beckie Peirce e April Hoagland, casadas desde o ano passado, já haviam começado os trâmites para adotar a bebê de um ano, entregue aos seus cuidados há três meses.

Mas, contra todo o prognóstico, o juiz Scott Johansen paralisou o processo na terça-feira e ordenou que a criança deixe o lar em um prazo de sete dias.

“A queremos e ela nos quer, e não fizemos nada de errado”, explicou Peirce ao diário local The Salt Lake Tribune.
“A lei, tal e como a entendo, diz que qualquer casal pode acolher e adotar”, afirmou.

A Suprema Corte dos Estados Unidos legalizou em 26 de junho o casamento entre pessoas do mesmo sexo em todos os estados do país, e com ele as adoções.

Hoagland contou que o juiz baseou sua decisão em “uma investigação segundo a qual as crianças estão melhores em casas heterossexuais”, embora em nenhum momento tenha mostrado os documentos.

O casal, que apelará da decisão, está convencido de que o juiz agiu por suas crenças religiosas.

Mais da metade dos 3 milhões de habitantes de Utah são mórmons e rejeitam os casais homossexuais.

“A audiência de terça-feira tinha que ser uma simples formalidade, porque a mãe biológica do bebê e os serviços sociais apoiam a adoção”, explicou à AFP Troy Williams, diretor da organização Equality Utah.

Em sua opinião, a decisão do juiz Johansen é o segundo golpe forte que a comunidade LGBT de Utah recebeu contra seus direitos em pouco tempo.

Na semana passada, a igreja mórmon anunciou que não batizará os filhos dos casais homossexuais até que estes completem 18 anos e rejeitem o casamento de seus pais.

“Nunca pensei que algo assim poderia voltar a acontecer”, declarou Peirce, que está criando seus dois filhos adolescentes com Hoagland.

O juiz Johansen “nunca esteve em nossa casa, nunca passou tempo com a bebê ou com nossos outros filhos, então não sabe de nada”, declarou Peirce.

O diretor dos serviços sociais de Utah, Brent Platt, que aprovou a adoção, mostrou-se cético com o que vai ocorrer a partir de agora.

“Por um lado, não posso permitir que meus assistentes sociais violem a decisão da corte, mas por outro lado, não posso permitir que meus assessores legais violem a lei”, explicou em declarações à televisão local KUTV.