Insegurança alimentar e a importância da nutrição para pessoas com HIV estão entre os destaques do novo PodH, da Agência Aids
A falta de acesso regular a uma alimentação adequada por grande parte da população brasileira tem sido um dos principais desafios enfrentados pela sociedade ao longo dos últimos anos. O país havia saído do Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas (ONU) em 2014, por meio de estratégias de segurança alimentar e nutricional aplicadas desde meados da década de 1990. Mas voltou a figurar no cenário a partir de 2015, obtendo um especial agravamento ao longo da pandemia de Covid-19 que afetou o mundo todo por dois anos a partir de 2020.
O tema é destaque no novo episódio do PodH, da Agência Aids. A equipe, liderada pela jornalista Filomena Salemme, relembrou neste podcast o recentemente estudo publicado no BMJ Open que revela que a insegurança alimentar entre as mulheres na África Subsaariana duplica o risco de infecção pelo HIV. Há também entrevistas com especialistas sobre os desafios da nutrição na qualidade de vida de quem vive com HIV.
Em 2022, o Segundo Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia de Covid-19 no Brasil apontou que 33,1 milhões de pessoas não têm garantido o que comer — o que representa 14 milhões de novos brasileiros em situação de fome. Conforme o estudo, mais da metade (58,7%) da população brasileira convive com a insegurança alimentar em algum grau: leve, moderado ou grave.
Segundo Maite Gauto, gerente de programas da Oxfam Brasil, organização dedicada ao combate às desigualdades e à fome, insegurança alimentar leve é quando há receio de passar fome em um futuro próximo, insegurança alimentar moderada é quando há restrição na quantidade de comida para a família e a insegurança alimentar grave é quando há falta de alimento na mesa.
“Vivemos no Brasil um retrocesso alimentar desde 2014. É uma situação triste e deprimente, somos uma potência agrícola. Voltamos para os patamares da década de 1990, com mais de 33 milhões de pessoas passando fome. É uma situação que requer uma ação urgente e muita atenção da sociedade para que possamos resolver este problema mais uma vez.”
Para Maite Gauto, a fome no Brasil tem endereço, cor e gênero. Um estudo realizado em Salvador por pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA) revelou que os lares chefiados por mulheres negras são os mais ameaçados pela fome: 21,2% deles têm insegurança alimentar moderada ou grave e outros 25,6% possuem insegurança alimentar leve.
Somadas as duas categorias, os dados indicam que preocupações em relação ao acesso à comida em quantidade e qualidade estão presentes em mais da metade desses domicílios.
O PodH também trouxe dicas de nutrição para as pessoas vivendo com HIV. No quadro quem entende do assunto, a nutricionista Janaina Bibiano, afirmou que a alimentação tem um impacto direto na vida das pessoas vivendo com HIV. “Para o paciente ter uma qualidade de vida ele precisa da nutrição, o medicamento vai conseguir ter uma melhor eficácia e absorção através de uma boa nutrição.”
Ouça o PodH a seguir:
Da AG. AIDS