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Homem é condenado a prisão perpétua por infectar 10 homens com HIV de propósito

Genilson Coutinho,
22/04/2018 | 00h04

Um homem que infectou várias pessoas com o vírus HIV propositalmente foi condenado a prisão perpétua, segundo decisão do Tribunal da Coroa de Brighton desta quarta-feira, informou a polícia de Sussex em uma publicação em seu site oficial.

Ao fim de sete semanas de julgamento, a juíza Christine Henson afirmou que Daryll Rowe, de 27 anos, provavelmente representaria risco e perigo para outras pessoas para o resto de sua vida. De acordo com a imprensa britânica, o cabeleireiro infectou 10 homens.

“Depois de considerar todas as características agravantes e considerável premeditação neste caso, eu te sentencio a prisão perpétua”, disse Henson.

Rowe, que foi preso em fevereiro de 2016, já tinha sido considerado culpado por um júri no Tribunal da Coroa de Lewes no último 15 de novembro pelas cinco acusações a que respondia por ter causado lesão corporal grave ao infectar deliberadamente suas vítimas com HIV em Sussex, no Sudeste da Inglaterra, entre 1º de outubro de 2015 e 31 de janeiro de 2016. Pelo menos quatro dos homens contraíram o HIV. No entanto, a sentença foi adiada para esperar a preparação de relatórios psiquiátricos.

A polícia foi contatada por uma clínica de saúde na cidade de Brighton, em East Sussex, que notou semelhanças em como dois de seus clientes relataram contrair o HIV. A população foi alertada sobre o Rowe, que nessa época ainda não tinha sido identificado. O caso repercutiu na imprensa britânica quando veio à tona quem estava por trás do crime.

No início, o cabeleireiro negou ter infectado outras pessoas porque alegou que sequer tinha o vírus. A polícia teve acesso, porém, a provas do diagnóstico feito em abril de 2015, em Edimburgo, de onde ele era originalmente, e descobriu ainda que Rowe recusou tratamento para tornar a doença menos contagiosa.

Para as vítimas, que conhecia no site de encontros online Grindr, o criminoso se apresentava com um nome falso, pois temia que informações sobre ele fossem achadas na internet. Ele persuadia os homens a fazer sexo sem proteção dizendo-lhes que ele não tinha o vírus HIV. Caso a vítima se recusasse, a polícia informou que Rowe tinha planos de deliberadamente furar os preservativos. Depois, ele enviava mensagens de texto vingativas contando que passou a doença.

“Esse vírus tirou a vida dos meus pais, meu pai biológico e minha mãe morreram de Aids quando eu era criança. Essa doença é algo que eu nunca encarei de forma leve. Eu fiz de tudo para evitar que o vírus me pegasse. Eu ensinei a mim mesmo sobre sexo seguro e sempre usei camisinha, mas em 13 de novembro de 2015, Daryll Rowe decidiu tirar isso de mim. Uma parte de mim morreu naquele dia quando fui diagnosticado. O velho eu não existe mais. O novo eu está constantemente triste, pensando em como minha vida mudou. Fiquei arrasado com as ações de Rowe, mas quero ter certeza de que isso não não aconteça com mais ninguém”, afirmou uma das vítimas no tribunal.

Para o detetive Andy Wolstenholme, as declarações da vítima sobre o impacto da atitude de Rowe foram importantes para a decisão e realmente transmitiram o sentimento de traição das vítimas pelas ofensas de Rowe.

“Daryll Rowe era consistente em mentir para suas vítimas sobre ter HIV, ele era persistente e agressivo em querer sexo sem proteção para infectar pessoas, e quando ele não conseguia o que queria, ele deliberadamente danificava preservativos para atingir seu objetivo. As vítimas demonstraram verdadeira força de caráter ao falar sobre isso, e por causa dessa força e do trabalho árduo dos detetives, funcionários e parceiros trabalhando no caso, um homem perigoso, que traiu a confiança de muitos homens, está agora na prisão”, ressaltou Wolstenholme.

Rowe disse ao júri que pesquisou terapias alternativas online e acreditava que beber sua própria urina diariamente, chamado terapia de urina, e tomar ervas e óleos, o curaria.