Programadora brilhante, ativista digital e transgênero, Audrey Tang promete revolucionar a relação do governo taiwanês com a população do país. A “hacker cívica”, que largou a escola aos 12 anos e fundou uma start-up aos 16, assume neste sábado o posto de ministra digital de Taiwan. Aos 35 anos, Tang será a primeira ministra transgênero do mundo e a mais jovem a ocupar o cargo na ilha.
A ativista é reconhecida mundialmente como um dos grandes nomes no desenvolvimento de softwares livres e uma defensora do movimento por dados abertos. Por seu histórico de ciberativista, Tang foi escolhida para tornar o governo o mais transparente possível, fazendo as informações sobre a máquina pública mais acessíveis ao povo.
Com um QI de 180, mais alto do que o QI estimado do gênio Stephen Hawking, a hacker não deve ter dificuldade para comandar o desenvolvimento do setor de tecnologia do país, meio em que circula desde a infância. Por conta própria, Tang já lia literatura clássica aos 6 anos e começou a programar aos 8, após encontrar um livro sobre o tema. Com 18 anos, trabalhava para grandes empresas do Vale do Silício e vendeu um mecanismo de busca criado por ela mesma para acessar letras de músicas em mandarim.
Tang poderia ser apenas uma nerd da computação, mas também se empenhou durante toda a adolescência a estudar política, filosofia e sociologia. Inspirada pelo pai, que lutou no movimento estudantil nos anos 1980, acabou se envolvendo no Movimento Girassol, em 2014, quando jovens protestaram contra a assinatura de um tratado comercial com Pequim. Do seu jeito, a ativista transformou o protesto: instalou um telão do lado de fora do Parlamento, que transmitia os debates que aconteciam no interior para que a população prestasse atenção no que estava sendo debatido. Segundo ela, o ato não era de rebeldia, mas sim uma forma de “encorajar as pessoas a falar, só isso”.
Na imprensa local, a nomeação de Tang foi vista como uma forma de trazer “sangue jovem” para o Poder Executivo. A escolha também é mais um passo para a evolução dos direitos LGBT na ilha, considerado um dos mais abertos para a população gay na Ásia e que caminha para ser o primeiro a aprovar o casamento entre pessoas do mesmo sexo no continente.
“Quero construir e melhorar espaços para reflexão a respeito de questões políticas concretas, onde possamos aprender uns com os outros”, afirmou Audrey Tang ao site El Confidencial. No governo, suas diretrizes prometem ser as mesmas que guiaram sua carreira: liberdade e transparência, para dar voz à população.