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Feminicídio histórico entra em cena em teatro baiano

(Foto: Divulgação)

No próximo sábado, dia 9 de abril, um caso histórico de feminicídio é revelado no espetáculo “A Mulher de Roxo e Outras Histórias da Bahia”, em cartaz partir das 19h30 no Espaço Cultural Casa 14, no Pelourinho. Conhecido como o “crime da bala de ouro”, o fato ocorreu em 1847, e envolveu a jovem Júlia Fetal e o professor João Estanislau, que dominado pelo ciúmes, não aceitando o término do noivado, mandou confeccionar, com as alianças do próprio noivado, uma bala de “ouro”, matando a jovem que tinha por volta de 20 anos.

A história já foi retratada na literatura por Adélia Fonseca, Jorge Amado e Pedro Calmon e na teledramaturgia por Elizabeth Jhin. Ganha os palcos escrita e dirigida pelo professor, psicólogo e diretor de teatro Adson Brito do Velho, que com a peça  coloca em cena a história da Bahia contada a partir das personalidades que marcaram e marcam época, se transformando em verdadeiras lendas urbanas de Salvador.

A vítima – Júlia Fetal era filha do comerciante João Batista Fetal com Julliete Fetal. Era  considerada uma das moças mais prendadas da cidade. Havia estudado piano, letras, religião, francês e inglês, bordado e pintura. Bonita, ficou noiva do professor João Estanislau da Silva Lisboa, que lhe dava aulas de inglês, mas ela teria flertado com um rapaz seu vizinho, o estudante do quinto ano de Direito Luiz Antônio Pereira Franco e assim, foi brutalmente assassinada pelo noivo.

O assassino – João Estanislau nasceu em Calcutá e se formou em Letras na Bahia. Enciumado, ele teria derretidos a aliança do futuro casamento e com seu ouro confeccionado a bala com a qual assassinou a prometida, no dia 20 de abril de 1847. Versões do fato contam que ele teria sido por ela rejeitado, o que o descontrolou a ponto de invadir a casa da moça, atirando-lhe no peito e atingindo o coração.

João Estanislau invadiu o sobrado dos Fetal em 20 de abril. Encontrou a família reunida à mesa e avançou sobre Júlia, que tentou se abrigar nos braços de sua mãe, Julliete Fetal, sendo atingida por um disparo de pistola desferido por ele. O projétil atravessou a jugular da jovem, indo alojar-se em um dos pulmões.

O féretro de Júlia foi conduzido pelas ruas de Salvador, sendo liderado por 20 padres e por uma multidão silenciosa. Júlia Fetal foi sepultada na Igraja da Graça. No túmulo está um soneto de Adélia Josefina Fonseca em sua homenagem. O assassino foi desarmado e detido após o crime e confessou o feminicídio com frieza. Foi julgado e condenado a 12 anos de prisão (com trabalhos forçados) e cumpriu pena no Forte do Barbalho. Na peça o personagem é interpretado pelo ator Alexandro Beltrão. 

Outros personagens – “A Mulher de Roxo e Outras Histórias da Bahia” tem ainda como personagens a própria Mulher de Roxo, Irmã Dulce, Clarindo Silva, Floripes e Amilton, o tratorista. Durante o espetáculo, enquanto personagens entram e saem de cena, passagens das suas vidas são entrecortadas e narradas por Carlos Pronzato (cineasta argentino), Aline Nepomuceno (atriz), Léo Kret do Brasil (dançarina trans), Liana Cardoso (apresentadora de rádio e Tv) e Cláudio Sacramento (radialista da Metrópole FM).

A montagem estreou em janeiro de 2022, e teve grande sucesso de público, fica em cartaz nos dias 9, 23 e 30 de abril e 7 e 14 de maio no Espaço Cultural Casa 14, na Rua Frei Vicente, 14, no Pelourinho. Os ingressos custam R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia/estudantes, idosos e professores). Todos os protocolos de segurança são exigidos.

Serviço

“A Mulher de Roxo e Outras Histórias da Bahia”

Datas:  9, 23 e 30 de abril e 7 e 14 de maio (sábados)

Horário: 19h30

Local Espaço Cultural Casa 14 – Rua Frei Vicente, 14, Pelourinho

Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia/estudantes, idosos e professores).

Vendas  no local, nos dias das apresentações, reservas pelo (71) 98631-3242 ou pelo Sympla.

Indicação: Livre

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