
O Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura (Secult), em parceria com a Plataforma Imaginários, realiza, nos meses de fevereiro e março, agenda internacional da exposição ‘Degenerado Tibira’, na Alemanha. A programação integra um conjunto de ações de difusão em prol da arte e da cultura cearense lideradas pela Secult Ceará, realizada por meio da Rede Pública de Equipamentos Culturais do Ceará (Rece) e do programa Ceará Criativo.
Eduardo Bruno e Waldírio Castro assinam a curadoria da mostra que entra em cartaz na Embaixada do Brasil, em Berlim. Apresentando um panorama da arte Queer brasileira sob a ótica de 19 artistas LGBTI+ de sete estados do Norte e do Nordeste do Brasil, temos destaque para dez cearenses do Cariri, Fortaleza e Região Metropolitana.
Céu Vasconcelos (de Pacajus), Marilia Oliveira (de São Benedito), Wandeallyson Landim e Indja (de Juazeiro do Norte), Filipe Alves (de Nova Olinda), Sheryda Lopes (de Fortaleza), estão entre os cearenses com obras selecionadas para compor esta edição. Entre os artistas indígenas com trabalhos na exposição destacamos, Ziel Karapotó (Al), que participou da 60ª Bienal de Veneza, e Yakunã Tuxá (BA), ganhadora da última edição do Prêmio Pipa.
“A exposição ‘Degenerado Tibira’ em Berlim marca um momento histórico para a cultura cearense, reafirmando o nosso compromisso com a memória, a diversidade e os direitos humanos. Esse movimento reforça a diplomacia cultural do Ceará no cenário internacional, ampliando as vozes de nossos artistas e promovendo trocas fundamentais com o mundo. O Ceará segue avançando no reconhecimento de coletivos como a Plataforma Imaginários, que desenvolve projetos e pesquisas que elevam o nosso estado a um patamar de excelência na produção cultural.
Importante a celebração de parcerias estratégicas com o campo das artes visuais e outras linguagens por intermédio da nossa Rede Pública de Equipamentos Culturais do Ceará. Atualmente, o Ceará investe em ações culturais que impulsionam a economia criativa, gerando emprego e oportunidades no setor. Com o programa Ceará Criativo, seguimos fortalecendo a circulação e a valorização da arte cearense, conectando narrativas potentes a novos territórios e públicos espalhados pelo mundo”, destacou a secretária da Cultura do Ceará, Luisa Cela.
Maria Kallás, chefe do setor cultural da Embaixada do Brasil em Berlim, destaca a relevância na realização da exposição “Degenerado Tibira” na capital alemã, “primeiro porque é uma cidade onde a temática ‘queer’ encontra muita ressonância e receptividade. Segundo, porque o recorte geográfico da mostra nos permite colocar em evidência regiões do Brasil que, historicamente, receberam menos divulgação no exterior. Por fim, porque os tempos que estamos vivendo internacionalmente nos exigem reafirmar a força da diversidade e o compromisso do Estado brasileiro com a defesa dos direitos humanos de todas as pessoas.”
Ação pioneira, “Degenerado Tibira” é a primeira exposição abertamente LGBTI+ realizada nos espaços culturais de uma embaixada brasileira no exterior. Entre os dias 17 de fevereiro e 14 de março, a programação da Exposição vai oferecer ao público interessado visitas guiadas e conversas mediadas pela equipe. Contando com investimento da Secult Ceará nesta ação, a Plataforma Imaginários já vem com histórico de internacionalização de seus projetos, atuando desde 2018 na criação, difusão e produção de conhecimento em/com/na arte contemporânea do Norte/Nordeste do Brasil.
A exposição “Degenerado Tibira” é uma realização do Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura e da Plataforma Imaginários. Conta com apoio institucional do Instituto Guimarães Rosa e da Embaixada do Brasil em Berlim e de equipamentos culturais da Secult Ceará: do Sobrado Dr. José Lourenço e do Centro Cultural do Cariri, geridos pelo Instituto Mirante de Cultura e Arte, e do Hub Cultural Porto Dragão, gerido pelo Instituto Dragão do Mar (IDM). A produção executiva é assinada pelo Instituto BR, via programa Ceará Criativo.
Sobre Tibira – Primeira vítima de LGBTfobia documentada no Brasil
Tibira do Maranhão é considerada a primeira vítima de LGBTfobia documentada no Brasil, um caso que aconteceu ainda no período colonial. Nos registros feitos pela Igreja Católica, durante as expedições da época, pelos idos de 1614, consta o assassinato de um indígena Tupinambá acusado de ‘sodomia’. Antes de ser brutalmente executado por meio da explosão de um canhão em praça pública, Tibira do Maranhão foi batizado pela Igreja sob o pretexto de salvar sua alma.
“Nesta exposição, Tibira é resgatado como uma figura histórica que simboliza as múltiplas experiências queer brasileiras”, explica Eduardo Bruno, curador da mostra. “Sua vida evoca a resistência da comunidade queer que, em suas diferenças, desafia as estruturas hegemônicas e propõe outros modos de ser, estar e se relacionar no mundo”.
Waldírio Castro, curador, destaca o conjunto das mais de 20 obras apresentadas na exposição como uma maquinaria de reimaginação, materializada por meio de imagens, sons e narrativas. “As obras aqui reunidas não apenas confrontam ou tensionam estruturas normativas, mas também criam temporalidades e espaços que transcendem a lógica cis-hetero-colonial-capitalista, imaginando futuros que coexistem com o presente”, explica.
Já o curador Eduardo Bruno aponta que “a Plataforma Imaginários vem cumprindo um papel de difusão nacional e internacional das artes produzidas por grupos historicamente minorizados, pois acredita que o fazer artístico é uma possibilidade de experimentação democrática que, por meio da presença de histórias e corpos subordinados, faz surgir outros arranjos sociais.
Sobre a curadoria
Eduardo Bruno: Artista-pesquisador-curador-professor, doutorando em Artes – ICA/UFPA – com bolsa FAPESPA, fez estágio de doutorado sanduíche no Departamento de Filosofia da Universidade de Zaragoza – Espanha – com bolsa CAPES, mestre em Artes – ECA/USP, especialista em Semiótica – UECE, graduado em Lic. em Teatro – IFCE e em Gastronomia – UFC. Tem experiência na área de Artes com ênfase em: arte contemporânea, performance e curadoria. É autor do livro: “Nomadismo Urbano: Performance e Cartografia”, além de capítulos em livros com temáticas relacionadas à arte contemporânea e performance. É curador do Festival Imaginário Urbanos (desde 2018), é um dos editores chefes da coleção bibliográfica Imaginários, foi curador da Mostra Sistema Aberto (2019 e 2020), foi curador da mostra internacional Imaginários Queer realizada em parceria com o Museari Queer Art em Valência- Espanha (2022) e foi curador da exposição Degenerado Tibira (2023-Fortaleza /2024 – Belém).
Waldirio Castro: Bixa-artista-curador- pesquisador indisciplinar, radicado em Fortaleza-CE e doutorando em Artes (ICA/UFPA), com bolsa CAPES. Tem mestrado em Arte (UFC), especialização em semiótica (UECE), licenciatura em artes visuais (UNINTER) e bacharelado em Administração (UEPB). Realizou curadorias como Imaginários Queer (Espanha/Brasil) e Degenerado Tibira: o Desbatismo (Brasil/Alemanha). Autor de “Em terra de homofóbicos casamento gay é arte” e “Entre a desimaginação e a reimaginação”. Como artista tem obras em acervos como MIS-CE e MUSEARI (Espanha). Sua pesquisa e produção atravessam perspectivas cuir/transviadas e decoloniais nas artes.
Serviço:
Exposição Degenerado Tibira
Local: Galeria da Embaixada do Brasil em Berlim (Wallstraße 57, 10179 Berlin).
Data: 20 de fevereiro a 14 de março Sempre de segunda a sexta, das 10h às 17h.
Acesso gratuito, classificação livre.