A exposição “Cu é lindo”, assinada por Kepler Reis, é destaque dentro da mostra “Devires”, projeto artístico que propõe um exercício de desnaturalização das relações entre sexo, gênero, visualidade, raça e poder.
Em sua primeira edição, a mostra teve início no dia 12 de julho e segue com diversas atividades em Salvador até o dia 12 de agosto, das 9h às 19h, com entrada gratuita e com classificação de 18 anos.
Sobre o projeto:
O processo criativo “CU É LINDO” foi iniciado em 2011 a partir das reflexões surgidas durante a realização da “Trilogia Venha Me Amar” (2008/2011). Bem como da potência da impossibilidade de deixar de falar sobre a abjeção do Cu, do silêncio histórico da homofobia, da moral social, do fundamentalismo religioso e da ocupação das ruas através da linguagem da performance e da pichação enquanto arte política e curativa.
No início de 2012, o projeto “CU É LINDO” ganhou as ruas na proposição da série de grafismos urbanos intitulada “Sentimentalidades Rupestres”. Nesta via de sentidos, a pichação “CU É LINDO” principiou por se tratar do nome do projeto e do foco do debate que estava sendo proposto à sociedade. Como fundamento desta ação e força de legitimidade enquanto arte e veículo de comunicação político/artístico lembramos da arte rupestre. Desde sempre, as paredes, muros e pedras foram suporte de expressão de sentimentos, registro histórico e comunicação. Assim, todos nós, semelhantes e descendentes desta mesma espécie, partilhamos desta memória social, artística e política. Ao longo dos milênios, vimos esta pratica ganhar vários contornos desde os egípcios, os povos pré-colombianos e, nos dias atuais, a pichação.
A pichação “CU É LINDO” fez enorme sucesso vindo a ganhar admiradores e parceiros de luta. Foi o surgimento dos multiplicadores, pessoas que espontaneamente começaram a replicar a pichação em questão, sendo para mim motivo de forte alegria e comemoração. Exceto alguns, que de forma extremamente capital tentaram privatizar os meus processos criativos, memórias afetivas e ideias teóricas. Também é imprescindível frisar que este processo criativo teve inúmeros afetos criativos e políticos, meus queridxs amigxs, que sem eles certamente nada teria acontecido. São muitos! Neste aspecto, desenvolvo uma estratégia de produção ao qual chamo de Mutirão Infantaria Amorosa, uma realizadora de projetos e sonhos.
Mostra Devires traz o corpo para o centro do discurso a parir desta quinta (12) em Salvador
Paralelamente a estes movimentos, também comecei a propor acontecimentos performáticos no espaço da cidade pondo em xeque a moral vigente. Neste momento, foi iniciada a serie performática “CU É LINDO”. Tais acontecimentos tem como centro do debate o Cu nas relações da cultura do ódio aos corpos dissidentes de sexo e de gênero, do fundamentalismo religioso, da negligência e exclusão do estado brasileiro e do tabu do Cu. Percebo, no meu desenvolvimento histórico, que a abjeção ao Cu está diretamente ligada a expressão da afetividade e ao exercício do erótico da homossexualidade.
Por fim, “CU É LINDO” é um projeto multiartístico em tecnicolor que revela meu processo de cura das violências e espancamentos que sofri ao longo de minha vida e uma homenagem aos sobreviventes e à memória dos que foram assassinados pela Homofobia, Lesbofobia e Transfobia.
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Serviço
CU É LINDO, de Kleper Reis (MS)
12/7 a 12/8, 9h às 19h
Goethe-Institut
Av. Sete de Setembro, 1809 – Corredor da Vitória
Classificação indicativa: 18 anos