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Estudo revela alto índice de abuso em relacionamento lésbico

Genilson Coutinho,
02/11/2022 | 11h11
Foto: Divulgação

95,6% das mulheres respondentes já estiveram em uma ou mais relações tóxicas, no entanto, apenas 65,2% das participantes identifica essa vivência de forma assertiva_

Uma pesquisa de uma estudante de Psicologia do Centro Universitário Estácio da Bahia revelou que 95,6% das mulheres lésbicas respondentes já estiveram em pelo menos uma relação homoafetiva tóxica. Algo que chama atenção é a alta escolaridade dos casais lésbicos que têm uma relação destrutiva.

A universitária Bruna Ferraroli realizou o estudo através de um formulário online. Quarenta e seis brasileiras responderam a 40 perguntas. Para evitar constrangimentos e visando cuidados éticos, as mulheres não tiveram as identidades reveladas.

“É possível detectar alguns aspectos para identificar a experiência em relacionamentos abusivos anteriores. Os resultados reforçam o que a escassa literatura apresenta: a frequência de abuso em relacionamentos lésbicos, embora pouco investigada, pode ser alta. O estudo infere que esse padrão abusivo pode estar relacionado à construção social e cultural onde as ditas ‘paixões avassaladoras’ são fomentadas e validadas. Um fator que contribui para a invisibilidade do tema diz respeito aos papéis de gênero impostos pela sociedade, onde a figura feminina não seria capaz de cometer qualquer ato abusivo/violento”, afirma a autora.

Inicialmente, Bruna escreveu um artigo científico, orientado pela professora Leila Frayman e Doutor Mino Correia Rios, professor de Psicologia da Estácio da Bahia. Depois da publicação do artigo, a pesquisa ganhou uma linguagem audiovisual. Formada em artes cênicas, Bruna e o núcleo DelasArte produziram dois curta-metragens com temáticas relacionadas à comunidade LGBTQIAPN+.

O primeiro filme, dividido em três partes, foca na invisibilidade lésbica e relacionamentos abusivos em casais homoafetivos femininos, Já o segundo curta relata a ocorrência do suicídio entre a população LGBTQIAPN+.

As produções serão exibidas no próximo dia 5 de novembro, das 13:40 às 18h, no auditório da Estácio, no Campus Gilberto Gil, bairro do Stiep, em Salvador. O encontro também contará com um bate-papo com Onã, fundador da torcida LGBTricolor, e outros convidados, além de uma instalação artística criada por Bruna Ferraroli com a temática relacionamentos abusivos em casais lésbicos e música ao vivo por conta de Vanessa Pondé e Adrian Brito. O evento é gratuito e aberto ao público.

Ficha técnica

Fazem parte da equipe DelasArte: Bruna Ferraroli (idealização, direção geral, roteirização e atuação), Samira Alencar (gravação, edição e direção fotográfica), Mino Correia Rios ( trilhas sonoras), Beatriz Santal (produção), Mariane Murad( edição e sonoplastia) e Deise Matos ( filmagem e fotografia).

As gravações do curta- metragem “Ela (não) dorme” foram realizadas nas instalações do Centro Universitário Estácio da Bahia, com apoio da coordenadora do curso de Psicologia, Patricia Araujo.