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Teatro

Espetáculo Kaiala faz três apresentações na reabertura do Espaço Cultural da Barroquinha

Redação,
27/09/2023 | 14h09

De quinta-feira (28) a sábado (30), às 19h, “Kaiala” volta à cena teatral soteropolitana para falar de intolerância, preconceito e genocídio do povo negro. O espetáculo do ator baiano Sulivã Bispo é uma das atrações da programação de reabertura do Espaço Cultural da Barroquinha, O espetáculo conta a história de uma menina de 10 anos assassinada em uma invasão ao seu terreiro por um grupo de evangélicos. Entre realidade e ficção, a narrativa discute temas como racismo, intolerância religiosa e a morte sistemática de jovens negros no Brasil.

A convite da Fundação Gregório de Mattos (FGM), Sulivã Bispo assumiu o papel de mestre de cerimônia durante a reabertura do Espaço Cultural da Barroquinha, na última quarta-feira (20), sob a caracterização de Koanza, personagem que vem conquistando o público baiano com as suas reflexões bem-humoradas. Mas o espaço também é bem conhecido por Kaiala, que fez lá a sua estreia em 2016 durante o Ato de Quatro, projeto da Escola de Teatro da UFBA que rendeu ao ator a indicação ao Prêmio Braskem de Teatro na categoria de melhor ator naquele ano.

Fruto do primeiro solo do ator, a peça percorre a trajetória da menina de nome Kaiala, em homenagem à divindade Kaiala, inquice do Candomblé Angola, com uma metáfora para lidar com temas sensíveis ao povo negro. A construção do relato é marcada por depoimentos e fragmentos de memórias dos personagens (flashbacks), de modo que o público vai tomando conhecimento sobre a religião, o movimento de resistência do povo negro e o crime narrado.

“Kaiala é um alerta do que não pode mais acontecer. É a grande força maternal, que cuida das cabeças e vem passar essa mensagem. Ela traz para a dramaturgia a visão de divindade de maneira muito bela e singela e faz um paralelo com esse momento tão triste que estamos vivendo de intolerância religiosa no país”, explica Sulivã.

Histórico do Espetáculo – A motivação para a criação do espetáculo é resultado de uma inquietação pessoal do ator Sulivã Bispo. O embrião da obra foi uma atividade apresentada no Ato de Quatro – um projeto da Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia (UFBA) – que consiste na criação de uma cena de 15 minutos. Nasceu com o nome ‘Kaiala: um congado de um povo de santo’ e a oportunidade de transformar a cena em espetáculo veio com o edital do Programa Institucional de Bolsas de Experimentação Artística (PibiexA), em comemoração aos 70 anos da UFBA.

Após temporada de estreia, no Espaço Cultural Barroquinha, o espetáculo realizou uma série de temporadas em espaços diversos de Salvador, além de participar de eventos de grande porte como o FIAC Bahia, Festival Maré de Março e Amostrão Vila Verão. Perante a pandemia, ganhou uma versão virtual com apoio financeiro do governo através da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia, via Lei Aldir Blanc.

Já em novembro de 2021, em meio ao processo de retomada de atividades culturais no estado da Bahia, o solo foi apresentado no palco principal do Teatro Castro Alves, marcando o retorno do projeto Domingo no TCA. No mesmo mês, celebrando o Dia da Consciência Negra, foram realizadas duas sessões do espetáculo no Teatro SESC Pelourinho.

FICHA TÉCNICA

Atuação e Concepção: Sulivã Bispo

Direção de Vídeo e Fotografia: Murilo Deolino

Direção do espetáculo: Thiago Romero

Dramaturgia: Sulivã Bispo e Thiago Romero

Musicalidade: Sanara Rocha e Luciano Salvador Bahia

Colaboração textual: Daniel Arcades

Vozes Off: Lucas Gogó de Ouro, Telma Souza, Thiago Romero

Musicista: Sanara Rocha

Figurino: Tina Melo

Iluminação: Alisson Sá

Coreografia: Nildinha Fonseca

Direção de Produção: Luiz Antônio Sena Jr.

Produção Executiva: Bergson Nunes

Design Gráfico: Diego Moreno

Produção: DAGENTE PRODUÇÕES