Ícone do site Dois Terços

Direção suspende aluno de 11 anos por fazer carinho em colega

Carta de suspensão feita pela diretora

Um menino de onze anos foi suspenso por dois dias na última sexta-feira (06) da Escola Estadual Professora Armandina Marques, em Pau da Lima, acusado pela vice-diretora de estar fazendo “indecência” e “ousadia” com um colega.

R.P.S. estava fazendo carinho na cabeça de um colega quando foi interpelado. O outro garoto não foi suspenso porque no entender da diretora estava sendo “assediado”. “Eu tava bagunçando a cabeça do meu colega, a vice-diretora perguntou se eu gostava de homem”, diz a criança, que disse que tudo foi uma brincadeira mal interpretada.

Na carta que mandou para casa, a vice-diretora diz que o menino estava fazendo “ousadia” e que teve um comportamento “indecente”. A vice-diretora ainda recomendou que a mãe “prestasse atenção” ao filho. A mãe procurou a escola e registrou uma queixa contra a vice-diretora na Secretaria Estadual de Educação (SEC). Agora, ela quer trocar o menino de colégio.

“O aluno R.P.S. está suspenso por dois dias por indecência, indisciplina e ouzadia (sic) com o colega. Não respeita seu colega, está dando motivos para não ser respeitado. Lhe perguntei: que ele prefere se o sexo feminino ou o masculino, pois o que ele fez foi muito feio”, diz trecho da carta.

A vice-diretora Magnólia Oliveira confirmou o fato. “Eu disse a ele: ‘Meu filho, como é que você faz um negócio desses? Você gosta de homem ou de mulher? Você é uma criança”. Ela disse que fez a carta para que a mãe tomasse conhecimento do fato. A SEC disse em nota que a postura da vice-diretora não está de acordo com a política de educação do estado e que providências serão tomadas.

Ou seja, demonstrações de afeto em público entre amigos também estão interditadas na nossa sociedade soteropolitana. Por um lado, a vice-diretora foi machista por entender que um rapaz não pode acariciar outro, já que os papéis de gênero – homem x mulher – devem ter características bem definidas e recomenda-se, na nossa sociedade, que homens não demonstrem carinho por ninguém. Por outro, ela foi homofóbica, ao entender que a demonstração de carinho entre dois homens é menos aceitável do que uma demonstração de carinho entre um homem e uma mulher. E, terceiro ponto, mas não menos importante, ela foi ignorante, ao entender que se houve uma demonstração de afeto, entre dois rapazes, um deles deveria ser necessariamente gay e estava obviamente se esforçando para desvirtuar o colega, vitimizado num labirinto de abobrinhas e estupidez.

O assustador é que uma pessoa desse porte intelectual tenha ocupado uma função de chefia em uma instituição de ensino (sua exoneração foi anunciada hoje, 13). Essa história deve virar anedota para a cartilha do deputado Jair Bolsonaro, que acredita que combate à homofobia no ensino básico e médio não é questão de pedagogia e de saúde pública mas um forma de incentivar as práticas homossexuais entre jovens.

 

As informações são da TV Bahia e do Correio*.

 

 

Sair da versão mobile