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Dia Nacional da Visibilidade Trans: Serpro impulsiona inclusão com tecnologia e inovação

Genilson Coutinho,
29/01/2025 | 13h01
Foto: Divulgação

O Dia Nacional da Visibilidade Trans, celebrado em 29 de janeiro, é um marco de resistência e protagonismo na luta por igualdade e respeito à comunidade trans. Instituída em 2004, a data remete ao primeiro encontro nacional de pessoas trans e travestis no Ministério da Saúde e simboliza tanto as conquistas alcançadas quanto a necessidade contínua de inclusão e reconhecimento.

Apesar dos avanços, a violência e a discriminação ainda são desafios alarmantes. De acordo com o Dossiê da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), o Brasil segue liderando o ranking mundial de assassinatos de pessoas trans, com 122 homicídios registrados apenas em 2024, além de um preocupante aumento de 45% nas denúncias de violência. Nos Estados Unidos, 36 mortes foram contabilizadas no mesmo período, com metade das vítimas sendo mulheres trans negras, segundo a Human Rights Campaign.

Diante dessa realidade, o Serpro reafirma seu compromisso com a transformação social, promovendo iniciativas que impulsionam a inclusão. Um exemplo é o Programa Agora 3T, lançado em 2023 e que, no Dia da Visibilidade Trans de 2024, anunciou os projetos selecionados para patrocínio. “Neste 29 de janeiro, o Serpro tem o orgulho de destacar a tecnologia como ferramenta essencial para a inclusão, criando oportunidades e valorizando a diversidade”, afirma Alexandre Amorim, presidente da empresa.

“Nesse programa, nosso foco é gerar impacto na sociedade, transformando vidas e construindo caminhos para comunidades invisibilizadas, por meio da inclusão sociodigital”, afirma Loyanne Salles, superintendente de Comunicação, Marketing e Responsabilidade Social do Serpro. Uma das iniciativas apoiadas pelo programa é o ModaVerso, um curso gratuito em tecnologia 3D aplicada à moda.

ModaVerso: inclusão e tecnologia na moda

Promovido pelo Coletivo Trans Sol, de São Paulo, o ModaVerso é um curso pioneiro que capacita mulheres trans e travestis na modelagem digital de roupas em 3D com o uso do software CLO3D, amplamente utilizado no setor da moda e design. “Ser vista é existir plenamente, ser reconhecida e incluída em todos os espaços. Visibilidade exige apoio social e projetos inclusivos, além de aliados dispostos a ouvir e agir. Quando acolhidas e respeitadas, as pessoas podem florescer e transformar a sociedade”, afirma Vênus Silva, aluna do coletivo trans.

A iniciativa transforma o processo criativo, substituindo moldes feitos à mão por modelagem digital, com visualização em 3D que permite verificar o caimento das peças de maneira precisa. “O projeto capacita alunas com ferramentas e planejamento de coleções, promovendo desfiles e inserção no mercado da moda. Iniciativas como essa mostram que, com apoio, mulheres trans e travestis podem transformar a sociedade”, conclui Vênus.

Além disso, o curso prepara as participantes para atuar em um mercado inovador e em crescimento: a produção de modelos para avatares e personagens virtuais. Este nicho, com forte potencial no metaverso e na moda digital, oferece novas oportunidades de carreira e empreendedorismo. “O diferencial do projeto está no foco na inclusão, pois pessoas trans e travestis serão capacitadas não apenas para usar essas ferramentas, mas também para se tornarem formadoras de outras pessoas”, afirma Regina Faria, gerente de Responsabilidade Social do Serpro.

Outras iniciativas apoiadas pelo Agora 3T

Além do ModaVerso, o programa Agora 3T contempla outros projetos que promovem inclusão tecnológica:

  • Miga Tech (Manaus): Desenvolvido pela Associação Manifesta LGBT+, oferece oficinas de letramento digital e um curso intermediário de Scrum, ampliando as possibilidades de inclusão sociodigital na região.
  • Robótica FMT (Fortaleza): Liderado pela Associação de Ensino Social Profissionalizante (ESPRO), capacita jovens trans e travestis de 14 a 23 anos com formação teórica e prática em robótica.
  • Traves-TI (Fortaleza): Realizado pelo Grupo de Resistência Asa Branca (GRAB), ensina letramento digital, redes sociais, marketing digital e fotografia para pessoas trans e travestis, incluindo profissionais do sexo, promovendo autonomia financeira e melhoria da qualidade de vida.
  • Transversalizando (Salvador): Oferece letramento digital e tecnologia sociodigital, com foco na capacitação e no acesso ao mercado de trabalho.

“A gente sabe que, historicamente, nossos corpos têm sido associados a contextos de violência, de marginalização, e é muito importante a gente usar essa data para trazer luz e reflexão sobre essas questões. Nossos corpos precisam de acessos básicos, de acesso à educação, de acesso à família, à estrutura. E essa data é importante para a gente pensar sobre isso”, afirma Andira Angeli, da Casa Miga, organização responsável pelo projeto Miga Tech.

A previsão é que os cursos do MigaTech permitam inscrições a partir de fevereiro de 2025. “O projeto capacita pessoas trans e travestis em dois níveis de tecnologia: no básico, oferece letramento digital e acesso a computadores e notebooks, muitas vezes pela primeira vez. No nível intermediário, foca na empregabilidade, com conceitos de metodologia ágil e funções na área de tecnologia. Essa parceria com o Serpro é essencial para promover inclusão no mercado de trabalho e transformar realidades”, conclui Andira.

Inscrições para o ModaVerso

As inscrições para o ModaVerso abrem hoje, em celebração à data. Com vagas limitadas, o curso é uma oportunidade única para mulheres trans e travestis que desejam se especializar em tecnologia 3D e ingressar no mercado da moda e design digital. Saiba mais no perfil do Coletivo Trans Sol.