Um estudo conduzido entre 2015 e 2018 na Austrália com 2.404 pessoas, que iniciou o uso de PrEP, sendo a maioria homens cisgêneros gays que nunca tinham usado anteriormente, e publicado recentemente pelo Jornal da Associação Médica Americana (JAMA Network), concluiu que houve uma interrupção do crescimento de casos de gonorreia e clamídia e que nenhum participante se infectou com o HIV. As informações são do colunista do UOL e médico infectologista Rico Vasconcelos.
Antes do estudo, a porcentagem de participantes com resultados positivos para sífilis, gonorreia ou clamídia era de 50% e vinha crescendo cerca de 8% a cada trimestre. Outro ponto que mudou quando comparados aos períodos pré e pós-PrEP foi a frequência de testagens anuais para ISTs realizadas pelos participantes, subindo de uma média de 3 para 4,5 por ano.
“Essa informação é fundamental para compreender o impacto no crescimento das ISTs pois, com mais testes, os casos de ISTs são diagnosticados e curados, interrompendo a transmissão dessas bactérias para novas pessoas” – diz a coluna.
“Ainda que a PrEP possa provocar algum grau de desinibição nas práticas sexuais, isso não ocorre de forma universal entre os seus usuários, e nem mesmo é capaz de minar o potencial benefício no controle do HIV e das outras ISTs, como mostra esse e outros estudos.” – aponta Rico.
“Todos os estudos publicados dos últimos anos mostraram a mesma coisa: engajar a população mais vulnerável às ISTs em um acompanhamento de Prevenção Combinada, com testagem periódica e PrEP é atualmente a melhor alternativa para o controle dessas epidemias. Evidência científica é o que não falta para guiar as ações de saúde pública nessa área. O que precisamos agora para controlar o HIV e as outras ISTs é de investimento e vontade do poder público de implementar as ações. Lembrando sempre de que a luta deve ser contra as ISTs e não contra o sexo” – conclui o médico infectologista.