Cantora Levitta lança clipe de ‘Fulerar’ e inova ao misturar forró com vogue

@_phmota do fotógrafo

A cantora piauiense LEVITTA lançou o clipe de “FULERAR” no dia 7 de novembro, em seu canal do YouTube. O quinto single autoral da artista radicada em Salvador foi lançado em 2024 e agora conquista uma visualidade cinematográfica, explorando a versatilidade e a inovação que LEVITTA traz enquanto artista pop transnordestina. Gravado no bairro Santo Antônio Além do Carmo na capital baiana, o primeiro clipe da artista traz uma mistura inusitada entre elementos da cultura popular nordestina junto à comunidade ballroom, por meio da sua pesquisa “Forróvoguear”, que une o forró e o vogue. Com direção de Maria Mango, que já produziu videoclipes de artistas como Léo Santana, Melody, Rachel Reis e J Eskine, LEVITTA escancara as portas do cenário pop brasileiro em um clipe repleto de dança, figurinos extravagantes, com uma visualidade atemporal que mostra a união entre tradição e novidade, com vinis, luzes neon e brasilidade latente, mergulhando em suas raízes: a mistura do Piauí e da Bahia. O roteiro foi pensado pela escritora e cantora trans Tertuliana Lustosa (autora do famoso livro “Manifesto Traveco-Terrorista” e conhecida como “A Travestis”) e retrata o desafio de ser uma artista dissidente no nordeste brasileiro. O clipe aborda o sonho artístico de uma garçonete travesti em transgredir sua rotina de trabalho através da ballroom e se tornar, enfim, uma “diva forróstar”. Através de uma ficção em que duas travestis são donas de um bar, Levitta cria uma nova possibilidade para corpos trans, simbolizando a luta e a possibilidade de travestis serem possíveis fora de contextos de extrema marginalização. Para além disso, o clipe retrata a passagem de um dia no estabelecimento, em que ela e Zoe, sua sócia e dona do bar, estão promovendo uma ball no local. Juntas, elas competem, produzem o evento e Levitta ganha um 10 de todos os jurados. Nesse momento, ela enxerga um sonho possível: ser uma estrela do forró. Numa narrativa que mistura imaginação, sonho e conquista, Levitta se transforma em uma “forróstar”, e todos os seus afetos que antes eram clientes do bar se tornam seus dançarinos. Juntos, na linha tênue entre sonho e realidade, elas dançam a segunda coreografia de “Fulerar”, enquanto Levitta está com um vestido estampado com seu rosto e cabelos. Através da metalinguística, a artista reafirma sua identidade de gênero como uma “ficção bem sucedida”, como afirma a escritora travesti Princesa Trindade Nunes. Dessa forma, Levitta reafirma que ser travesti é como realizar seu maior sonho: ser ela mesma. O conceito “forróvoguear” nasceu a partir da aprovação do projeto “Fulerar: Forróvoguear” no Edital PIBExA 2024, em que resultou no lançamento do single junto com duas coreografias que misturam o forró e o vogue femme, duas vertentes da arte nas quais a artista transita. Misturando raízes nordestinas, pífanos da cultura popular piauiense em uma corporeidade que faz ode à travestilidade através da ballroom, LEVITTA une duas culturas aparentemente opostas para reafirmar seu local de inauguração estética e política: seu próprio corpo. Idealizado pelo produtor Mandra de Lucas e defendido pela artista, a pesquisa “Forróvoguear” se redimensionou através da aprovação da cantora no Edital Paulo Gustavo Bahia, transformando a pesquisa em dança em narrativa cinematográfica. O processo criativo parte da coletividade com quatro artistas da cena da dança e da ballroom soteropolitana como Yan Quadros, Zoe Luiza, Camila Nantes e Thalieta Crodí. O projeto também desenvolveu contrapartidas sociais que ocorreram através de oficinas de dança ministradas pelo ballet do projeto na Escola de Dança da UFBA. Com propostas experimentais, as oficinas interligaram a pesquisa “Forróvoguear” com outras vertentes da dança,como o jazz funk, o vogue femme, o forró, o old way e o repente. Trazendo uma novidade não só na ballroom ao misturar o forró com o vogue a partir da dança, Levitta também traz uma inovação musical ao misturar o pífano com forró eletrônico. O pífano, que é um instrumento (flauta artesanal) tradicional do nordeste brasileiro e ligado à cultura popular, é tocado em um momento de solo na música pelo pifeiro Leonardo Mesquita, integrante da banda piauiense Caju Pinga Fogo, um grupo que une tradição e contemporaneidade através da cultura do pífano Brasil a fora.