Quantos cadeirantes, cegos, amputados, com síndrome de down, e portadores de outras deficiências você conhece? E quantos desses são LGBT (lésbica, gay, bissexuais, travestis e transexuais)? A partir destes questionamentos nasceu a campanha que o site Dois Terços lança no dia 17 de maio, Dia Internacional de Luta Contra a Homofobia. A campanha tem como objetivo trazer para o eixo das discussões a invisibilidade e o preconceito contra os LGBTs portadores de deficiências e questionar como eles e elas são tratados na Bahia e no Brasil, no que tange a acessibilidade, as questões de saúde e quais programas governamentais existem para atender as demandas desta comunidade. Esses assuntos serão os temas dos debates e do projeto do site ao longo do ano de 2017.
A campanha é estrelada pelo empresário Bruce Cesar, 45, idealizador do concurso Miss Universe Gay e jogador e basquete.
“Quando comecei no esporte paralímpico através do basquete adaptado, que na Bahia existe há muitos anos, nunca havia tido um homossexual masculino cadeirante, os que existiam tinham medo de se assumir por conta do preconceito. Eu não tenho e não tive medo de assumir minha orientação sexual”, conta Bruce.
O foco da campanha partiu do olhar do veiculo, que, nos últimos meses, vem debatendo entre sua equipe a importância de levantar essa bandeira para chamar a atenção da população, pois constatou que o LGBT portador de deficiências é invisível para uma parcela acentuada da população brasileira, pois existe um olhar de que não há LGBT portador de deficiências. Diante da observação da equipe, que há tempo vem se questionando onde estão essas pessoas, quais espaços LGBTs na cidade estão preparados para recebê-los e quais são os projetos do governo e da militância para eles.
Para Genilson Coutinho, editor chefe do site, a maior dificuldade tem sido a busca de informações sobre o tema, no que se refere a dados e ações afirmativas do governo e da sociedade civil:
“Ao trazer esse tema para nossa campanha, tivemos grandes dificuldades, principalmente para quantificar a população de pessoas LGBT portador de deficiências existentes no Brasil, quais são as ONGs que os atende e como são vistos. A nossa pesquisa e questionamento chegaram em alguns dados da última pesquisa de 2015, que traça apenas o número geral de LGBT que no período pesquisado era de 6,2%, mas vale ressaltar que na pesquisa não houve uma apuração de quantos LGBTs portadores de deficiências existem no país. Fico triste, pois o que se tem de abordagens sobre o tema é muito pouco e essas coisas fortalecem para a invisibilidade do deficiente cada vez mais.
Tivemos grandes dificuldades para encontrar essas pessoas na cidade e a outra dificuldade é convencê-los a falar sobre o assunto, principalmente quando informamos que será tema de uma campanha e tema de diversos debates. Isso é duro, mas não podemos deixar de trazer esse debate para a ordem do dia”, revela Coutinho.
Sobre as ações da campanha, Coutinho conta que o primeiro passo será a campanha de mídia nas redes sociais e a realização de pequenos círculos de debates até o Seminário Dois Terços de Prosa, nos dias 22 e 23 de setembro em alusão ao dia 21 de setembro, instituído por lei como: Dia Nacional da Luta das Pessoas com Deficiência, que irá abordar o tema com profissionais de saúde, militância, governo e portadores de deficiências.