A cantora Ivete Sangalo foi homenageada hoje com o Troféu Mário Lago, do “Domingão do Faustão”, da TV Globo, por sua contribuição artística e conexão com o público brasileiro. Bastante emocionada, a cantora de 48 anos aproveitou o momento para falar sobre desigualdade, racismo e homofobia.
“Somos [os brasileiros] conhecidos pela nossa alegria e simpatia, e agradeço por isso, mas também há de ter um reconhecimento das nossas falhas como sociedade. O nosso país é o que mais mata homossexuais no mundo. O Brasil é um país racista, homofóbico, de feminicídio e de ataques às minorias que na verdade não são minoria”, afirmou.
“Esse perfil doente, equivocado, é pautado na ideia da desigualdade, sabendo que somos todos iguais em direitos. Cabe a nós nos olharmos para que a gente continue vibrando essa alegria que estamos aqui, para que tenha notícia boa, mas consciente de que os indivíduos têm que ser respeitados de forma igual. É isso o que a gente quer.”
A cantora falou ainda sobre iniciativas que tomou ao longo da pandemia, como as lives, que definiu como “uma conexão com a necessidade de muitas pessoas”, e atribuiu o sucesso a “um público muito participativo”. Mas voltou a falar sobre as desigualdades no Brasil ao citar sua relação com os filhos no momento atual, referindo-se a casos de mortos por balas perdidas ou por homofobia.
“Agradeço muito pelo fato de ser uma pessoa famosa, mas sou mãe. O meu filho pode correr na rua sem camisa. Para mim, seria terrível não deixar meu filho andar na rua porque poderia ser alvejado por uma bala… Ou um filho meu ser homossexual e não poder ser feliz. Me perguntam muitas vezes o que eu vou ensinar para minhas filhas sobre esse mundo machista. Não ensino às minhas filhas, ensino ao meu filho que ele tem que entender o seu próprio poder, mas que também precisa respeitar o poder de existência do outro, de quem quer que seja.”