Brasil celebra 40 anos de resposta ao HIV com campanha que destaca conquistas históricas e o fim da transmissão vertical
Material do Ministério da Saúde traz relato da mãe de Cazuza, relembra marcos da epidemia, reforça avanços científicos e celebra que, hoje, pessoas vivendo com HIV podem ter uma vida longa, ativa e sem transmissão do vírus.
Em uma campanha nacional lançada pelo Ministério da Saúde, o governo federal reúne quatro décadas de luta contra a Aids, apresenta as principais conquistas da resposta brasileira e celebra um marco histórico: o Brasil eliminou a transmissão vertical do HIV. Com vídeos, depoimentos emocionantes, peças gráficas e dados atualizados, o material reforça que, graças ao SUS, ciência e políticas públicas, viver com HIV hoje é totalmente diferente do passado e que é possível viver sem aids e sem transmitir o vírus.
Um depoimento que atravessa gerações
A campanha se abre com o relato de Lucinha Araújo, mãe de Cazuza e fundadora da Sociedade Viva Cazuza, uma das vozes mais importantes da história da resposta brasileira. Em um vídeo de 30 segundos, ela revisita uma memória que marcou o país:
“No dia que meu filho descobriu a doença, foi o dia mais triste da minha vida. Na época não tinha alternativa, e ele se foi. Mas hoje, com o tratamento, quem vive com HIV vive sem Aids e não transmite o vírus. E com o fim da transmissão vertical, toda criança pode nascer sem HIV. E o meu filho ficaria muito feliz vendo isso.”
A mensagem se encerra com os versos de “Pro dia nascer feliz”, lembrando a força da arte e da história coletiva que moldou a luta contra a aids no Brasil.
Confira o vídeo completo e demais materiais clicando aqui.
Quarenta anos de resposta: o compromisso do SUS
O conjunto de peças disponibilizadas pelo Ministério da Saúde revisita momentos-chave da trajetória brasileira desde os anos 1980, quando a epidemia começou a impactar o país.
Entre os marcos lembrados estão:
- 1996 — o SUS passa a oferecer medicação gratuita para todas as pessoas vivendo com HIV, tornando o Brasil referência internacional;
- A expansão do acesso à testagem, ao tratamento, aos exames de carga viral e ao acompanhamento contínuo;
- A modernização dos tratamentos, que evoluíram de 30 comprimidos ao dia para apenas um em muitos esquemas terapêuticos atuais;
- A queda sustentada da mortalidade por aids, hoje em seu menor nível na história.

O material reforça o princípio que guiou a resposta brasileira desde o início: ciência, direitos e saúde pública caminham juntos.
Fim da transmissão vertical: um marco global
Um dos principais destaques da nova campanha é o anúncio de que, em 2025, o Brasil alcançou as métricas estabelecidas pela ONU para ser certificado como país livre da transmissão vertical do HIV, quando o vírus passa da mãe para o bebê durante a gestação, parto ou amamentação.
Essa vitória é apresentada como fruto direto:
- do acesso universal à testagem no pré-natal,
- do tratamento adequado para gestantes vivendo com HIV,
- da oferta de fórmulas infantis,
- e do acompanhamento integral garantido pelo SUS.
As peças resumem: “Agora, mulheres que vivem com HIV podem gestar crianças que vão nascer sem o vírus.”

I = I = 0: Indetectável = Intransmissível = Zero Risco
Outro ponto central do material é a difusão do conceito I=0, que explica, de forma simples e acessível, que pessoas vivendo com HIV que fazem tratamento corretamente e alcançam carga viral indetectável não transmitem o vírus.
A campanha traduz:
“Quem vive com HIV vive sem aids e não transmite o vírus.”
Essa informação, resultado de anos de pesquisa e evidências científicas globais, é apresentada como ferramenta essencial para combater o estigma, ainda um dos maiores obstáculos para a prevenção e o cuidado.

Prevenção combinada: SUS garante acesso universal
O Ministério da Saúde também reforça a oferta de estratégias de prevenção combinada, todas gratuitas pelo SUS:
- preservativos internos e externos,
- PrEP (profilaxia pré-exposição),
- PEP (profilaxia pós-exposição),
- testes rápidos e autotestes,
- tratamento para todas as pessoas vivendo com HIV.
O conceito é apresentado como direito, cuidado e autonomia, reforçando que a prevenção deve ser plural e adaptada a cada pessoa.

Viver e conviver com HIV: um futuro possível
As imagens e mensagens da campanha mostram pessoas de diferentes idades, gêneros e realidades, destacando que viver com HIV hoje significa ter vida longa, saúde e um futuro.
“Viver sem Aids. Essa é a vida que eu quis.”, diz o slogan principal.
Uma campanha que olha para trás para construir o amanhã
Ao reunir história, emoção e dados, o governo federal busca reforçar um compromisso que atravessou gerações: enfrentar a epidemia com base em ciência, equidade e políticas públicas.
Quarenta anos depois do início da aids no Brasil, o país celebra conquistas inéditas, mas também reafirma que a luta continua, especialmente no combate ao estigma, na ampliação da prevenção e na garantia de cuidado para todas as pessoas.
DA Agência AIDS