Em 1997, a Mattel, marca que fabrica a boneca Barbie, personagem que inspira e incentiva garotas a serem o que quiserem, tentou trilhar um caminho um pouco diferente: no ano em questão, lançou, nos EUA, “Becky”, uma amiga cadeirante da Barbie. A medida, inicialmente vista como uma possibilidade de trazer representação e visibilidade para a causa, logo se mostrou um problemão a se desenrolar.
Isso porque a cadeira de rodas de Becky simplesmente não passava pelas portas da casa da Barbie. Para piorar, se a “dream house” fosse da cadeirante, ela não conseguiria lavar sua louça, já que a cadeira não cabia embaixo da pia. Como se não fosse o bastante, hoje, vinte anos depois do lançamento, a principal questão problemática, a inacessibilidade da boneca – constatada logo após seu lançamento, permaneceu sem correção.
De acordo com o site “Pri”, que reúne informações sobre a programação das emissoras de rádio públicas dos Estados Unidos, o produtor Renee Gross fez um teste: comprou uma versão atualizada da Dreamhouse e uma Becky e levou os ítens para Monique Kulick, uma advogada especializada nos direitos dos deficientes.
A Mattel informou que, por enquanto, Becky deixará de ser produzida, mas há a intenção de trazê-la de volta, com uma cadeira menor, possível de transitar pela casa da Barbie.
Para Karin Hitselberger, cadeirante devido à paralisia cerebral a sociedade tende a tentar consertar as deficiências, quando ela mesma é que precisa de conserto: “Existem muitas maneiras de pensar sobre deficiência, mas falamos sobre consertá-las, em vez de colocar o foco em ‘consertar’ a sociedade”.