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Ativistas lamentam o fechamento do Museu da Diversidade Sexual e dizem que espaço deve ser preservado

O Museu da Diversidade Sexual, localizado na região central da cidade de São Paulo, foi fechado no sábado (30) por tempo indeterminado por determinação de uma decisão judicial que acatou a denúncia de irregularidades envolvendo a organização social que gerencia o local. A informação foi confirmada pela instituição e pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo.

A denúncia foi feita pelo deputado estadual Gil Diniz (PL), conhecido como “Carteiro Reaça”, que questionou a destinação de verbas ao museu.

Em nota, a secretaria informou que vai recorrer da decisão liminar, pois considera essencial o desenvolvimento de políticas de visibilidade da cultura LGBTQIA+.

“A secretaria ressalta que a seleção da organização social responsável pela gestão do Museu da Diversidade Sexual seguiu a legislação vigente e todas as normas de convocação pública. Ela aconteceu entre outubro e dezembro de 2021 e a organização social escolhida apresentou toda a documentação necessária”, informou.

O Museu da Diversidade Sexual, criado em 2012, é a primeira instituição do tipo na América Latina. Diante dessa situação, ativistas reforçaram que apesar da decisão judicial, a luta pelo museu ainda não acabou.

Dindry Buck, do Esquadrão das Drags: “Eu estou super triste com este fato que aconteceu. A arte e a educação são dois pilares fundamentais para construção do ser humano, a arte e a educação salvam e libertam as pessoas. E a gente vê um retrocesso na nossa sociedade, cada coisa absurda acontecendo e esse era praticamente o único espaço aqui em São Paulo voltado para mostrar a cultura do movimento LGBTQI+. Não sei até agora o que aconteceu de fato para chegar a este extremismo de fechar museu. Nós drag queens temos essa missão de colorir o mundo e mostrar nossa alegria. Em nome do Esquadrão das Drags, que é um projeto tão lindo e tão lúdico, que tem uma função que é muito importante, que é educar as pessoas, estamos juntos nessa luta. Nós estamos aqui para resistir e acreditamos que em breve este problema seja solucionado e todo mundo se encante com essa exposição.”

Toni Reis, da Aliança Nacional LGBTQIA+: “Um povo que não tem sua história preservada, ela não existe. Nós precisamos preservar nossa história, precisamos contar como foi sofrido conquistar nossos direitos, como construímos nosso museu. É nossa cultura, e são fundamentais para todas as temáticas. Nós da comunidade LGBTQI+ temos muita história para contar. Desde a Idade Média nós éramos considerados pecadores e merecíamos a morte na fogueira, depois fomos tratados como criminosos e até como doentes. E foi com muita luta que nós conseguimos nossos direitos no Brasil através da suprema corte. Nesse sentido, todas as histórias dos movimentos, das paradas, das ONGs devem ser preservadas e o Museu é para isso, para ensinar novas gerações que existiu todo um trabalho de luta. Se houver qualquer problema da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da eficiência do contrato com a organização que é administrada, tem que corrigir, fazer nova licitação e resolver. Nós queremos nossa cultura, nossos museus, nossos centros de comunicação para que a gente possa mostrar para o mundo e as novas gerações todo o trabalho.”

Cássio Rodrigo, coordenador de Políticas para LGBTI+ da Prefeitura de São Paulo: “O Museu da Diversidade Sexual é uma importante política cultural para LGBT+ e precisa ser preservado. Não deve servir de manobra a interesses que não os da memória e história da nossa comunidade. A suspensão do contrato em vigor, pela Justiça, foi para a apuração correta dos fatos, e não para servir de bandeira para deputado conservador e LGBTfóbico.”

No Instagram, o perfil da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo disse que o “museu não pode fechar e precisa voltar às mãos da comunidade LGBT+”:

DA Agência Aids

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