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Além dos homens, travestis e mulheres trans também precisam receber alertas do Novembro Azul

Dr Frederico Mascarenhas (Foto: Divulgação)

As ações do Novembro Azul, geralmente focadas na promoção da saúde masculina e, em especial, no combate ao câncer de próstata, não são – ou pelo menos não deveriam ser – voltadas exclusivamente para os homens. É que mulheres transexuais, travestis e algumas pessoas com identidade de gênero não-binária também possuem a glândula prostática e, portanto, estão suscetíveis a esse tipo de tumor. Por esta razão, este público também precisa receber os alertas do Novembro e passar pelos exames de rastreamento que facilitam a detecção precoce da doença. Ao longo de novembro, o estímulo ao autocuidado deve chegar ao máximo possível de pessoas, sem distinção.

Assim como no Outubro Rosa houve a preocupação de incluir mulheres trans como público-alvo do movimento, uma vez que, devido ao tratamento hormonal, elas passam a desenvolver as glândulas mamárias e correm risco de desenvolver a doença, no Novembro Azul é preciso alertar o público LGBTQ+ em relação ao câncer de próstata. “Mesmo mulheres trans que já fizeram a cirurgia de adequação de gênero precisam realizar exames de avaliação da glândula prostática”, destacou o urologista Frederico Mascarenhas.

Independente do gênero, se a pessoa com próstata tem 50 anos de idade ou mais, ela deve se submeter ao exame de toque retal e à verificação periódica do PSA (antígeno prostático específico). Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), para negros e pacientes com histórico de câncer na família, essa investigação deve ser iniciada aos 45 anos. Além da idade e da hereditariedade, o excesso de gordura corporal também é um fator de risco considerável. Por isso, melhorar a alimentação e o estilo de vida é fundamental na prevenção. 

Como o diagnóstico precoce aumenta em até 90% as chances de cura do(a) paciente, “não podemos aceitar que por preconceito, medo, vergonha, falta de esclarecimento ou de incentivo, a população T deixe de procurar uma unidade de saúde”, declarou o chefe do serviço de urologia do Hospital São Rafael e da equipe de cirurgia robótica do Hospital Aliança, Frederico Mascarenhas. 

Para o especialista, ninguém deve esperar sentir sintomas para consultar um(a) urologista porque, em estágios iniciais, o câncer de próstata costuma ser assintomático. “Quando a doença dá sinais, os mais comuns são dificuldade de urinar e necessidade de fazer isso com maior frequência. Na fase avançada, o tumor pode provocar dor óssea, outros sintomas urinários ou, quando grave, infecção generalizada ou insuficiência renal”, completou o médico, que também é diretor da Uroclínica da Bahia e membro-fundador do Robótica Bahia – Assistência Multidisciplinar em Cirurgia.

Quando o câncer de próstata é confirmado, é fundamental iniciar um tratamento personalizado, humanizado e efetivo com brevidade. Para tumores que só atingiram a próstata, mas não se espalharam para outros órgãos, podem ser indicadas cirurgia, radioterapia ou, simplesmente, vigilância ativa (para situações específicas de tumores de baixo risco e volume reduzido). Nos casos de doença localmente avançada, a radioterapia ou a cirurgia combinada com tratamento hormonal têm sido mais utilizadas. Já na doença metastática, o tratamento mais comum tem sido a terapia hormonal, mas cada caso é único e precisa ser muito bem avaliado por uma equipe multidisciplinar experiente. 

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