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Abril Roxo: campanha de conscientização chama atenção para diagnóstico e tratamento da adenomiose

(Foto: Divulgação)

O mês de abril é dedicado à conscientização da adenomiose, condição que pode afetar qualquer mulher que menstrua, independentemente da idade, mas atinge principalmente aquelas entre 40 e 50 anos. A campanha, conhecida como Abril Roxo, tem como objetivo alertar para a importância do acompanhamento ginecológico regular e do diagnóstico precoce da doença, além de ajudar as mulheres a entenderem melhor seus sintomas e opções de tratamento.

De acordo com o ginecologista e especialista em endometriose e cirurgia minimamente invasiva do Núcleo de Endometriose e Fertilidade da Bahia, Alexandre Amaral, a adenomiose é uma condição ginecológica caracterizada pela presença de tecido endometrial (tecido mais interno do útero) no miométrio (camada muscular do útero). “A adenomiose pode não apresentar sintomas em 33% dos casos, mas quando aparecem, o mais comum é sangramento menstrual intenso associado a dor. Outros sintomas menos comuns incluem dor pélvica crônica e dispareunia, que é dor durante as relações sexuais”, explica.

Além do tratamento, que pode ser cirúrgico ou medicamentoso, é fundamental a modificação no estilo de vida para reduzir a inflamação e controlar a doença. “É muito importante que essa paciente busque melhorar a alimentação a partir do consumo de alimentos mais naturais e menos inflamatórios, mantenha a prática regular de atividade física pelo menos três vezes na semana, regule o estresse e tenha uma boa higiene do sono”.

Diagnóstico

Como é uma doença que pode ser assintomática, muitas mulheres levam anos até serem diagnosticadas com adenomiose. Além disso, quando os sintomas aparecem, o radiologista da Clínica de Saúde e Imagem (CSI) e especialista no diagnóstico da mulher João Rafael Carneiro alerta para a possibilidade de a doença ser confundida com outras enfermidades pélvicas, como a endometriose.

“Apesar de serem doenças relacionadas ao tecido endometrial, endometriose e adenomiose são condições diferentes. A adenomiose ocorre quando o tecido que reveste o útero (tecido endometrial) invade e cresce na parede muscular do útero. Já a endometriose é caracterizada pela presença desse tecido endometrial em outros órgãos, como ovários, bexiga e intestino. Ambas são detectadas em uma ultrassonografia transvaginal ou ressonância magnética”, explica João Rafael.

Além de afetar a qualidade de vida da mulher, a adenomiose pode causar complicações na gravidez, aborto ou infertilidade, por isso, o radiologista destaca que o diagnóstico é crucial para programar as práticas terapêuticas e impedir o desenvolvimento da doença. “Com o avanço das tecnologias de diagnóstico por imagem e aumento do conhecimento que permeia a área, é possível ter um diagnóstico mais assertivo, aumentando a chance da opção de um tratamento conservador para quem desenvolve a doença”, destaca o radiologista.

Tratamento minimamente invasivo

O tratamento pode ser medicamentoso, através de hormônios que bloqueiam a menstruação, como os DIU’s hormonais; ou cirúrgico, priorizando técnicas cirúrgicas conservadoras que mantêm o útero e as chances de gravidez, explica Alexandre. “O tratamento cirúrgico conservador consiste na retirada da área de adenomiose focal, o adenomioma, e pode ser realizado por meio de técnicas minimamente invasivas, como a laparoscopia e a cirurgia robótica”.

O tratamento minimamente invasivo é uma alternativa para as mulheres que desejam preservar o útero. Outra possibilidade é a histerectomia, cirurgia de retirada completa do útero, uma opção definitiva de tratamento da doença que é a escolha de muitas pacientes. “Como se trata de uma doença com sintomas variados e que pode estar associada a outras condições ginecológicas, como miomas, pólipos e endometriose, o tratamento da adenomiose é individualizado e precisa levar em conta os desejos e necessidades da mulher. O avanço das técnicas cirúrgicas vem para ampliar o leque de possibilidades para essa paciente”, avalia o ginecologista.

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