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Àbámodá, primeira Escola Livre e Gratuita de Moda, Arte e Cultura da Bahia inicia atividades em Cachoeira (Ba)

Foto Natie Paz

Contribuir no fortalecimento da cultura local, desenvolvimento econômico e habilidades socioemocionais de artistas e trabalhadores da economia criativa, essa é a tríade que norteia a Àbámodá (@abamoda.escolalivre), primeira Escola Livre e Gratuita de Moda, Arte e Cultura da Bahia. Em sua primeira iniciativa, o projeto acontece em Cachoeira, Recôncavo da Bahia, no centro da cidade e no Quilombo Engenho da Ponte, tendo como foco atender negócios na área de moda. 

Idealizada e coordenada pela pesquisadora e gestora cultural, Luísa Mahin, a escola dialoga com a estética e cultura afroindígena. “Àbámodá” é uma palavra iorubá que significa “o que você deseja, você faz” e também nomeia uma planta conhecida como “Folha da Fortuna”. “Vamos trabalhar com uma moda conceitual que dialoga com nossas referências étnicas identitárias de origem africana e indígena”, ressalta Luísa.

O projeto integra a Rede Nacional de Escolas Livres de Formação em Arte e Cultura, subsidiada pelo Ministério da Cultura, e acontece através de formações técnicas gratuitas, estágio laboral, incubação e investimento semente para os empreendimentos, além de atuar como um processo de empoderamento social, humano e identitário. A realização é do Instituto Casa de Barro e conta com apoio do projeto Irmandade.

Nesta primeira edição, as atividades formativas serão nas áreas de vestuário, corte e costura, estamparia, biojóias, jóias em metal (alpaca, prata e ouro), crochê e tricô, além de aulas voltadas para áreas da gestão como: finanças, vendas, comunicação e marketing. As inscrições acontecem no início de julho e é voltada para jovens e adultos  de todos os gêneros, a partir de 16 anos, de qualquer território baiano. O projeto também abre espaço para mães adolescentes, a partir de 14 anos, desde que estejam matriculadas e assíduas na escola.

Metodologia focada no ser integral e na identidade étnica-territorial

Segundo Luísa a metodologia foca no ser integral, contemplando sua relação com o trabalho, identidade, cultura e propósito pessoal. A gestora cultural explica que a metodologia da escola nasce de sua experiência de mais de 22 anos atuando na gestão de projetos sociais e culturais. Nessa trajetória ela percebeu que apenas formação técnica não era suficiente para impulsionar os negócios dos alunos, principalmente em relação a um público socialmente vulnerável. 

“Identifiquei outras necessidades como rede de apoio, fortalecimento emocional e recursos financeiros para iniciar seus empreendimentos. Por isso, nós também vamos trabalhar com ferramentas terapêuticas e rodas de conversa, realizar estágio remunerado e, para quem optar em empreender na área, vamos ter um investimento semente direcionado para construção do plano de negócios”.

A metodologia também passa por pesquisas de identidade e estudos sobre referências étnicas  “Vamos pesquisar os produtos naturais do território para usar nos tingimentos; pensar nos elementos, iconografias e grafismos indígenas e africanos para a produção de estampas, entender como a cultura local pode estar presente em cada peça. Queremos acessar nossas memórias e histórias, para criar produtos que falam disso”, conclui Luísa.

Inscrições abertas para facilitadores de oficinas 

Ainda com o objetivo de fomentar a economia local, o projeto também abre inscrições para contratar educadores e facilitadores que desejem conduzir as aulas formativas e tenham experiência nas áreas de moda, gestão de negócios, comunicação e marketing,economia criativa, finanças, e nas especialidades das oficinas: corte e costura, estamparia, biojoias e jóias em metal, crochê e tricô. 

Os facilitadores serão selecionados para atuarem em dois eixos: “saberes teóricos” e “saberes práticos”, com remuneração e carga horária à combinar. É preciso que tenham disponibilidade para ministrarem as aulas presenciais em Cachoeira (BA). Interessados podem se inscrever gratuitamente do dia 12 a 20 de junho no link. Mais informações em  abamoda.escolalivre@gmail.com ou @abamoda.escolalivre.

SOBRE LUÍSA MAHIN

Luísa Mahin, gestora cultural, pesquisadora e agente cultural de desenvolvimento, é Bacharela em Comunicação Social com habilitação em Relações Públicas, Mestra em Desenvolvimento e Gestão Social (UFBA) e em Ciências Sociais (UFRB), MBA em Empreendedorismo Social e Negócios de Impacto (Instituto Legado).

Há 22 anos atua na gestão de projetos sociais e culturais. Já passou por diversas organizações e projetos nacionais e internacionais com atuação com desenvolvimento local, culturas, identidades, patrimônio cultural imaterial, moda, gênero, promoção da equidade racial, criatividades. Co-fundou em 2005 o Instituto Casa de Barro na Bahia, tendo desenvolvido como coordenadora e produtora projetos diversos nas áreas de literatura, arte e educação, patrimônio cultural imaterial, educação patrimonial, teatro, contação de histórias, fotografia, cinema e audiovisual, rádio.

Desde 2021, através do projeto IRMANDADE – Universidade Livre de Arte e Cultura, tem empreendido esforços para a qualificação profissional e geração de renda para mulheres e comunidades afro e indígenas da Bahia. Atualmente vem gestando projetos de combate às violências e de promoção de autonomias para mulheres visando promover a inclusão, o empoderamento social, a articulação de políticas antirracistas e para a equidade de gênero. 

– Foi vencedora do 1º Prêmio Pretas Potências da PretaHub em 2023.

– Faz produção artística de brasileiros na Suíça desde 2022.

– Concebeu e atuou na pesquisa e curadoria do projeto “A bença, rezadeira!”, com produção de documentário com 18 rezadeiras do Recôncavo em 2020. Tal projeto já ganhou diversos prêmios.

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