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Heitor Werneck denuncia a falta de repasse de verbas para políticas públicas LGBT+

Genilson Coutinho,
28/11/2025 | 11h11

O ativista e produtor cultural Heitor Werneck fez uma denúncia semana passada para vários canais de TV sobre a falta de pagamento aos participantes do Programa Pot da Prefeitura de São Paulo.

Voltado para a reinserção de pessoas em vulnerabilidade social no mercado de trabalho, o Programa Operação Trabalho (POT) oferece capacitação profissional, geração de renda com bolsa mensal, acompanhamento sócio emocional e assistência para que os participantes possam construir um novo futuro.

Porém, esse já é o terceiro mês consecutivo onde a bolsa mensal não é paga a cerca de 350 integrantes do programa, o que tem acarretado em evasão de muitos que retornam à situação de rua e à adição. 

Em resposta à reportagem veiculada pelo SPTV no dia 19 de novembro sobre o assunto, a Prefeitura de São Paulo alegou que parte dos pagamentos está em análise por causa do atraso no envio de folhas de frequência e inconsistências cadastrais dos beneficiários. A gestão municipal também declarou que os recursos financeiros destinados ao programa estão garantidos.

“Mas na verdade, essa verba é repassada pela Secretaria de Direitos Humanos para a Secretaria de Trabalho que não tem feito o pagamento”, denuncia Heitor que há mais de 30 anos participa ativamente de programas sociais.

Ele também conta que esse não é um caso isolado de falta de atenção e descaso em relação à população LGBT em situação de vulnerabilidade em São Paulo. 

“Estou decepcionado com a atual gestão que inclusive eu apoiei nas eleições. Quando precisam que façamos campanha junto à comunidade LGBT não economizamos nossos recursos para fazer a coisa acontecer. A cidade de São Paulo é sem dúvida nenhuma a que mais arrecada em impostos com turismo LGBT. Ao mesmo tempo fico feliz com o trabalho e esforço da Leonora Áquilla que inclusive tem gerado bolsões de emprego. Claramente ela tem feito isso por desempenho próprio e não por ativação de algum programa do governo”, afirma. 

Heitor ainda avalia que a sociedade civil está muito mais engajada em ajudar à população LGBT de rua do que o poder público. Ele mesmo ao lado Adriana da Silva, chamada Drika Bonita, realiza várias ações em rede de solidariedade com seus seguidores, em parceria com festas como o Projeto Luxúria e clubes adultos de São Paulo como Dédalos Bar e Thermas Wild sem nenhum apoio da Secretaria de Cidadania e a Coordenadoria do IST/AIDS.

Bons exemplos são o Café da Manhã Solidário realizado no Viaduto 9 de Julho aos domingos, doações para equipamentos públicos como CRD Bruna Valin, encontro assistencial quinzenal com 40 travestis levando doações ao grupo Sephoras, além de doações de barracas, toucas e meias para população LGBT de rua, entre outras.

2 anos sem Caminhada da AIDS 

Evento do Calendário Oficial da Prefeitura de São Paulo, desde 2017, a Caminhada da AIDS promovida pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC), com verba da Secretaria da Cultura e o apoio do Programa Municipal DST/Aids (PM DST/Aids), da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de São Paulo não tem acontecido desde o ano passado.

Inspirada nas AIDS Walks, caminhadas que acontecem nos Estados Unidos e são abraçadas não só pela comunidade LGBT, mas por toda a sociedade, a Caminha da Aids de São Paulo faz parte da programação do Dezembro Vermelho, mês  de conscientização dos direitos das pessoas que vivem com o HIV e de prevenção ao vírus.

Dentre os principais objetivos do evento, está o de dar visibilidade para a luta das pessoas com HIV pelo direito ao tratamento.

“O que também já não tem acontecido como deveria ser”, afirma Heitor que relata que o acesso ao PrEP/PEP, bem como ao tratamento da Aids é burocrático e limitado ao Centro da capital, deixando de fora a grande maioria da população LGBT em situação de vulnerabilidade,  bem como moradores de regiões mais periféricos da cidade.

“É um crime! Se a Caminhada da Aids faz parte do Calendário Oficial da Prefeitura, porque não acontece? Isso só reflete a atual situação de uma Secretaria que não faz o seu trabalho. Querem que façamos campanhas de conscientização entre a comunidade LGBT mas não produzem ao menos um material educativo. Se limitam à distribuição gratuita de preservativo e gel. Eu fico indignado com a falta de programas para conscientização de adultos 50+ e os profissionais de saúde pública estão totalmente despreparados para atender a essa população”, ressalta Heitor que sempre foi atendido nas gestões anteriores pelas Secretarias de Cultura e de Cidadania, porém agora tem encontrado muita dificuldade para conversar com os secretários sobre a situação do HIV e população de rua LGBT. “É um descaso total”.

Programação de lives

Para não deixar o Dia Mundial de Combate a AIDS passar em branco, Heitor Werneck seguirá fazendo a sua parte como cidadão e ativista, realizando uma série de lives ao longo do dia 1° de dezembro em seu perfil nas redes sociais. 

Ele irá receber diversos profissionais e pessoas que lutam pela prevenção do HIV, trabalhando temas educativos sobre o assunto, inclusive com o médico proctologista, também ativista sobre HIV, Vinicius Lacerda, às 20h.

O restante da programação estará disponível nas redes sociais de Heitor Werneck a partir desta sexta, dia 28.

Instagram @heitorwerneck.perfiloficial


TikTok @heitorwerneckoficial