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Jornalista e escritor Lucas Bonanno divide histórias e experiências na comunicação do HIV/aids no continente africano

Genilson Coutinho,
12/04/2023 | 12h04
Foto: Divulgação

Com passagem por diversos países e com uma bagagem extensa de conhecimento no jornalismo comunitário, de saúde e direitos humanos, há anos Lucas Bonanno tem dedicado sua vida à comunicação e ao voluntariado. Ele foi o convidado da coluna Senta Aqui na última segunda-feira (10), apresentada pela também jornalista Marina Vergueiro, no Instagram da Agência Aids.

Lucas conta que a sede por justiça social e vontade de ajudar os menos favorecidos sempre fez parte da sua vida, muito por conta da influência familiar. Então, ele quis fazer disso, inclusive, a sua profissão.

‘‘Antes de fazer jornalismo, eu fiz artes cênicas. Eu achava que a arte era um caminho de fazer as pessoas refletirem, mas eu queria algo que fizesse parte do meu dia a dia e impacto direto na vida das pessoas’’, compartilhou.

Lucas começou como estagiário na Agência Aids, onde escreveu diariamente sobre a epidemia de aids, perpassando por temas como prevenção, redução de danos, tratamento e garantia de direitos das pessoas vivendo com HIV/aids.

‘‘A Agência Aids me abriu muitas portas’’, relembrou com gratidão.

‘‘Quando cheguei, achei que escreveria todos os dias sobre o vírus, mas entendi que a epidemia hoje é muito mais social do que biomédica, do que o vírus em si’’.

Ele destacou que reportava questões relacionadas, por exemplo, a negociação do preservativo sexual.

No decorrer que seu trabalho foi ganhando forma e cada vez mais credibilidade, outras oportunidades surgiram.

Na África do Sul, o jornalista esteve à frente da Agência de Notícias da SIDA, uma agência jornalística fundada em parceria com a Agência de Notícias da Aids, com o objetivo de contribuir na resposta ao HIV no país africano. Lá a aids segue sendo um grave problema de saúde pública, e os aspectos culturais e linguísticos muito diversificados, potencializam a dificuldade do controle da epidemia.

Pouco tempo depois, o trabalho do brasileiro se expandiu no território, passando a ser consultor e correspondente da ONU (Organização das Nações Unidas), na África do Sul e em Moçambique.

Atualmente, Lucas Bonanno integra a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC). Ao falar sobre o trabalho que realiza hoje, o comunicador dividiu alguns aprendizados e surpresas que adquiriu na instituição. Um deles é o fato de novos medicamentos serem desenvolvidos, mas garantirem uma baixa taxa de sobrevida aos portadores de câncer.

Segundo Lucas, ’’estes medicamentos são caríssimos, custam milhões, e acabam sendo inviáveis de serem implementados no SUS (Sistema Único de Saúde)’’.

Além disso, em outro momento da conversa, chamou atenção para a expectativa de vida de um paciente tratado nos serviços privados – os chamados convênios médicos, corresponde a dez anos mais que pacientes que dependem do SUS.

Em janeiro de 2022, publicou o livro ‘‘Pra Fazer a Diferença’’, pela editora Alta Books, dedicado especialmente a comunicólogos que desejam se inserir no terceiro setor, e promover ações de impacto social, principalmente no exterior.

Nas 305 páginas do exemplar, Lucas discorre sobre cultura, sobre suas experiências próprias, e dá dicas para quem é apaixonado pelas causas humanitárias se virar fora do país.