Saúde

Varizes pélvicas causam dores frequentemente confundidas com outras doenças

Redação,
09/03/2023 | 21h03

Um mutirão gratuito de ultrassonografia com Doppler Vascular para pacientes com varizes de membros inferiores e possíveis varizes pélvicas será realizado nos dias 17 e 18 de março no Hotel Mercure, na Pituba, durante um curso sobre varizes pélvicas voltado para médicos radiologistas, cirurgiões vasculares e ultrassonografistas. Mulheres interessadas em participar devem enviar nome completo, telefone de contato e pedido médico pelo Whatsapp (71) 9 9937- 4515. A partir daí, uma confirmação de agendamento do exame será enviada para 40 pacientes. Além de facilitar o diagnóstico de varizes pélvicas, a ação busca conscientizar as pessoas sobre a importância do tratamento. O critério de seleção será a ordem de chegada dos pedidos médicos.

Em todo o mundo, uma em cada seis mulheres sente dores causadas por veias dilatadas que surgem principalmente ao redor do útero, das trompas e dos ovários. Sintomas como dor na região pélvica baixa, dor durante a relação sexual e sintomas urinários interferem significativamente na qualidade de vida da mulher, independente da sua classe econômica. Desconhecida por grande parte das pessoas, a condição pode afetar até 30% das mulheres, mas muitas acreditam, equivocadamente, que os sintomas são “normais” ou sinais de outras doenças, tais como endometriose, doença inflamatória pélvica e processos fibroaderenciais, confusão que pode dificultar o diagnóstico. Embora seja pequeno, o risco de formação de coágulos no interior das veias e de transporte desses para o pulmão, provocando embolia pulmonar, existe.

A médica Fanilda Barros, especialista em angiologia com atuação em ecografia vascular, é autora de um dos poucos estudos brasileiros voltados para investigação das varizes pélvicas, realizado em Vitória-ES no ano de 2010. O maior achado da pesquisa, que identificou varizes de origem pélvica em 10% das 1.020 mulheres avaliadas, diz respeito ao alto potencial de recidiva das varizes. “Mais de 50% das pacientes tinham varizes recorrentes e haviam sido operadas adequadamente pelo menos uma ou duas vezes”, destacou a especialista.

As varizes pélvicas são mais frequentes em pacientes na faixa etária dos 20 a 45 anos que já engravidaram mais de uma vez e que sofrem com problemas hormonais e distúrbios menstruais irregulares. A gestação predispõe a varizes que podem ou não desaparecer após o parto. Na maioria das pacientes, as varizes pélvicas são assintomáticas e diagnosticadas durante um exame de rotina.

“Dor abdominal crônica e na região pélvica; dor durante e após relação sexual; varizes visíveis nas coxas, nádegas ou vagina; sensação de peso na região perineal; sintomas urinários e sangramento intenso durante o período menstrual são sinais de alerta”, afirmou Fanilda Barros. As mulheres são as mais afetadas, mas os homens também podem apresentar varizes na região pélvica. Neste caso, o diagnóstico é o de varicocele.

Há pouco mais de três anos, a empreendedora Gleisimara Santos Calmon (37) recebeu da radiologista Francine Freitas, especialista em ultrassonografia para varizes pélvicas, o diagnóstico da doença, após ter passado por seis outros médicos com a queixa de dores e peso na região íntima e nas pernas, sem diagnóstico. “Sofri por muito tempo, especialmente na gravidez, sem saber a causa de tanta dor. Os sintomas melhoraram muito durante dois anos após a embolização feita pelo cirurgião vascular Dionésio Coelho, mas recentemente descobri o retorno das varizes e possivelmente eu tenha que passar por um novo procedimento. Permanecer por muito tempo em pé ainda é bem difícil. Os medicamentos que tomo são paliativos que aliviam os sintomas. Infelizmente ainda não existe cura”, declarou Gleisimara.

Segundo a radiologista Francine Freitas, como os sintomas das varizes pélvicas são muito parecidos com os de outras doenças, principalmente com os da endometriose, além de um exame clínico minucioso, alguns exames de imagem específicos são fundamentais para fechar o diagnóstico. O principal é a ultrassonografia vascular (Doppler)”, explicou a diretora médica da Clínica GEUS. Confirmada a doença, o tratamento deve ser iniciado com brevidade.

Nos estágios iniciais, as varizes pélvicas podem ser tratadas com medicamentos específicos e hormônios que amenizam os sintomas e diminuem a dilatação das veias. Contudo, em quadros mais avançados e quando o tratamento medicamentoso não é suficiente, um procedimento cirúrgico se faz necessário. “No passado, através de cirurgia laparoscópica, fazíamos a ligadura dos vasos dilatados. Atualmente, porém, o padrão-ouro é a embolização, colocação de pequenas molas dentro das veias para bloqueio do fornecimento de sangue e aumento da força da parede das veias”, resumiu o cirurgião vascular Dionésio de Oliveira Coelho, especialista em angiorradiologia e radiologia intervencionista.

O procedimento cirúrgico é minimamente invasivo, realizado com anestesia local e dura em torno de duas horas. No mesmo dia, a paciente recebe alta. A cirurgia só deve ser realizada por um profissional habilitado, ou seja, um angiologista ou um cirurgião vascular, após o diagnóstico clínico. Em muitos casos, o uso de meias de compressão é recomendado porque pacientes com varizes pélvicas têm maior risco de desenvolver varizes em outros locais do corpo, como as pernas. Embora não haja cura e as recidivas da doença sejam frequentes, o tratamento regular das varizes pélvicas é fundamental para promover qualidade de vida e bem estar para quem precisa conviver com a doença.