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Teatro

‘Solos em Todos os Solos’ valoriza e conecta artistas das artes cênicas

Redação,
17/03/2021 | 19h03
(Foto: Divulgação)

“Solos em Todos os Solos”, projeto digital de apresentação, valorização e conexão de monólogos de artistas das artes cênicas, chega a sua segunda edição. O projeto traz como recorte uma mostra de sete espetáculos soteropolitanos, quatro oficinas e lives com diálogos com as equipes dos monólogos entre os dias 19 de março e 10 de abril.

O projeto, desenvolvido pelos atores Fabio Vidal e Vinícius Piedade, apresenta virtualmente produções contemporâneas de realizadores de Salvador e traz um repertório de espetáculos múltiplos, reunindo diferentes gerações, grupos, dramaturgias e temáticas envolvidas.

“Fico muito orgulhoso por oferecer ao público, nesse momento de delicadeza, tantas cenas realizadas aqui em nossa cidade por talentosas e talentosos artistas. Queremos levar e promover ‘Solos em Todos em Solos’ em outras partes do mundo. Promover uma diversidade de discussões e gerar espaço para que a arte se desenvolva cada vez em maior intensidade”, comenta o coordenador do projeto Fabio Vidal.

A mostra ganhará forma com os espetáculos “Aos 50, quem me aguenta?”, com Edvana Carvalho, “Qualquer coisa a gente inventa”, com Meran Vargens; “Sobretudo amor”, de Mônica Santana, “A mulher que matou os peixes”, que tem atuação de Maira Lins, “Retratos imorais”, com João Guisande e “O Barão nas árvores”, com Marcos Lopes e “Joelma”, com Fábio Vidal.

Diante do atual cenário de isolamento social, um projeto de veiculação virtual foi estabelecido entre os artistas, que adaptaram seus trabalhos ao formato digital e criaram novas maneiras de realizarem suas ações artísticas. As encenações serão exibidas nos fins de semana, no canal do YouTube www.youtube.com/territoriosirius.

A cada semana, o projeto promove o “Encontro Solos”, um espaço de diálogo entre o coordenador Fábio Vidal e os artistas que se apresentarão no fim de semana. O encontro virtual será realizado no Instagram @siriusterritorio.

Com o propósito de formação e trocas, os participantes do projeto ministrarão oficinas abertas ao público. A diretora e atriz Meran Vargens ministra a oficina “Contadores de histórias: Inventação Coletiva” e Mônica Santana, encenadora e jornalista, ministra a oficina “Mulheres negras e re(in)venções de si – Corpo, poética e política na cena”, ambas tem como base pesquisas e processos que deram origem aos espetáculos apresentados na mostra.

As oficinas de auto produção artística, com o encenador Fábio Vidal, e a de elaboração de projetos, apresentada pela produtora cultural Ana Paula Vasconcelos buscam trazer informações para profissionalizar a atuação de artistas, produtores e estudantes no campo das artes cênicas.

“Solos em Todos os Solos” é uma realização do Território Sirius e Multi Planejamento Cultural, contemplado pelo Prêmio Anselmo Serrat de Linguagens Artísticas, da Fundação Gregório de Mattos, Prefeitura Municipal de Salvador, por meio da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, com recursos oriundos da Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo, Governo Federal.

Espetáculos

“Aos 50, quem me aguenta?”

O espetáculo, que tem como ponto de partida textos autorais da atriz Edvana Carvalho, trata da sua experiência como mulher negra, nordestina, professora, artista, que, com mais de 50 anos, passa a lidar com desafios que a idade impõe à mulher contemporânea. O monólogo, dirigido por Marcelo Praddo, explora de forma leve e bem-humorada situações vividas pela mulher madura diante de uma sociedade que ainda se guia pela valorização da juventude e de diversos preconceitos em contraponto ao movimento de empoderamento feminino. Edvanda Carvalho foi indicada ao Prêmio Braskem de Teatro na categoria “Atriz”, pela sua atuação em “Aos 50, quem me aguenta?”.

“Qualquer coisa a gente inventa”

Sessão interativa de improviso, o espetáculo conta com a participação do público em que, por meio de memórias, referências e sugestões, Meran Vargens constrói um espetáculo único, encaminhando momentos poéticos, artísticos e filosóficos. O espetáculo, dirigido por Meran, tem duração média de uma hora e faz o espectador transitar por sensações e referências diferenciadas. Jogos cênicos se estabelecem e o espectador é convidado a interagir e a participar da tessitura do espetáculo inventado no aqui e agora.

“Sobretudo amor”

Ao unir a voz e vivências da autora e diretora Mônica Santana com as vozes e perspectivas de mulheres entrevistadas, o espetáculo revela a intimidade e questionamentos com o único intuito de aproximar e dialogar com o público sobre vivências e experiências, construindo juntos suas cartas, memórias e ritual. “Sobretudo amor” promove uma conversa da criadora com essas mesmas vozes, que impregnaram a obra – ao falar de si, de solidão, de encontro e de coletividade.

“A mulher que matou os peixes – Uma pop-bossa samba’n roll”

Em “A mulher que matou os peixes – Uma pop-bossa samba’n roll”, Clarice Lispector, mãe e escritora revela seu descuido com os peixes de estimação de seu filho, ato que resultou na morte dos dois “vermelhinhos” e, durante toda a peça, tenta conquistar o espectador por meio de microrrelatos em que apresenta sua convivência com diversos animais, em situações de grande musicalidade, lirismo e identificação. O monólogo conta com texto e direção de Djalma Thürler e atuação da atriz e cantora Maira Lins.

“Retratos imorais”

Estreado em Portugal em 2018 e apresentado em diversas cidades brasileiras, a encenação se constrói de forma lírica, irônica e bem-humorada ao adaptar dois contos do escritor Ronaldo Correia Brito, “Mãe em Fuligem de Candeeiro” e “Mãe numa Ilha deserta”. Edmundo e Marivaldo são personagens que se revelam opostos e desconhecidos, que compartilham uma solidão habitual de muitos moradores de ilhas desertas e paisagens com aglomerações. Os dois monólogos se unem em um só espetáculo pelo fio invisível da poética nos avessos de duas almas, propositadamente abandonadas, no universo do absurdo da solidão humana. O espetáculo, dirigido por Moncho Rodriguez, rendeu a João Guisande o Prêmio Braskem no mesmo ano da sua estreia.

“O Barão nas árvores”

Lúdico e poético, o espetáculo conta a história de Cosme Chuvasco de Rondó, filho de nobres que aos 12 anos decide subir nas árvores e nunca mais descer, se transformando em um grande defensor da natureza. Ao misturar teatro, música e contação de histórias, as aventuras do barão, narrativa adaptada da obra de Ítalo Calvino, traz antigas brincadeiras infantis e manifestações da cultura popular nordestina. “O barão das árvores” impõe reflexões acerca de escolhas feitas na infância, preservação do meio ambiente e poder de transformação da realidade por meio da arte. O espetáculo infanto-juvenil é o primeiro solo do ator e produtor Marcos Lopes e tem direção de Guilherme Hunder.

“Joelma”

“Joelma” traz à cena a história de uma das mais longevas mulheres trans do Brasil. Para além dos aspectos sobre sexualidade e gênero, a narrativa também apresenta a trajetória religiosa da personagem, que, hoje, aos 76 anos, vive em Ipiaú. A montagem afirma toda a trajetória de reinvenção de si, estabelecida por Joelma, mesmo frente a preconceitos e injustiças, instaurando respeito e dignidade e pautada numa postura ética de vida. Trata-se de uma encenação que transita por diversas linguagens artísticas: teatro, cinema, música e dança, apresentando um uso inovador da tecnologia na produção cênica. Em “Joelma”, temos o requinte da palavra e o refinamento do movimento em prol de possibilidades poéticas da cena. Espetáculo dirigido por Edson Bastos e Fabio Vidal, que também assume a atuação da obra.

Mais informações no site: www.territoriosirius.com.br/solos

Programação

Encontro Solos

19/3 (sexta-feira), às 19h – Fábio Vidal convida Edvana Carvalho e Meran Vargens

26/3 (sexta-feira), às 19h – Fábio Vidal convida Mônica Santana e Maira Lins

2/4 (sexta-feira), às 19h – Fábio Vidal convida João Guisande e Marcos Lopes

8/4 (quinta-feira), às 18h – Fábio Vidal convida Edson Bastos e Vinicius Piedade

Espetáculos

20/3, às 19h – “Aos 50, quem me aguenta?”

21/3, às 15h – “Qualquer coisa a gente inventa”

27/3, às 19h – “Sobretudo amor”

28/3, às 15h – “A mulher que matou os peixes”

3/4, às 19h – “Retratos imorais”

4/4, às 15h – “O Barão nas árvores”

10/4, às 19h – “Joelma”

Oficinas

Contadores de histórias: Inventação coletiva

22, 24, 29 e 31/3 (segundas e quartas-feiras), de 18h às 21h

com Meran Vargens

Carga horária: 12h

Mulheres negras e re(in)venções de si – Corpo, poética e política na cena

24, 25 e 26/3, 14h às 18h

com Mônica Santana

Carga horária: 12h

Auto produção artística

29, 30, 31/3 e 1/4, 9h às 12h

com Fábio Vidal

Carga horária: 12h

Elaboração de projetos

5, 6 e 7/4, 9h às 13h

com Ana Paula Vasconcelos

Carga horária: 12h

Gratuito

Informações do projeto e inscrições das oficinas:

www.territoriosirius.com.br/solos