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Documentário “Silêncio dos Homens” estreia com mais de duzentas sessões simultâneas pelo Brasil

Genilson Coutinho,
10/09/2019 | 12h09

A pesquisa “Silêncio dos Homens”, que traz dados inéditos sobre masculinidades brasileiras, já está online e disponível gratuitamente. O projeto, idealizado pelo PapodeHomem e apoiado pela ONU Mulheres, também rodou o Brasil para produzir um documentário que ouvisse especialistas e trouxesse histórias inspiradoras sobre o que é ser homem, hoje, no país. Na última semana, o filme, que tem narração do ator Ícaro Silva, estreou simultaneamente com 240 sessões independentes e impulsionou a discussão de como podemos fomentar uma existência mais saudável para o homem, como indivíduo, e, consequentemente, para a sociedade como um todo. Além das exibições simultâneas, mais de 1100 pessoas também se inscreveram para continuar transmitindo o doc em todo o território nacional. O projeto foi apoiado pelas marcas Natura Homem e Reserva.

 “Esse é um projeto sobre masculinidades, no plural — fruto do esforço de uma rede diversa e ampla. Não é um filme que se restringe a masculinidade tóxica, queremos ir muito além. Queremos dialogar com todas as pessoas, estimulando a construção de pontes, de maneira responsável e sempre de mãos dadas com os movimentos das mulheres. Sonhamos em ver o surgimento de grupos de homens em cada um dos 5570 municípios do país. Aspiramos que nosso trabalho possa plantar boas sementes e ajudar a cultivar um mundo mais equitativo, para todas e todos”, diz Guilherme Valadares, fundador do PapodeHomem e diretor criativo do projeto.

 Além do documentário e da pesquisa, a iniciativa também deu vida a um livro-ferramenta, que conta com um mapeamento nacional de projetos e um guia de como criar um grupo de homens. “Sabemos que quem silencia dores, perdas e omissões acaba por somatizar emoções que eclodem em comportamentos negativos. É importante poder se expressar, sem medo de ser rotulado ou ridicularizado. Este é o primeiro passo para o início de uma cultura de acolhimento que tem o poder de tornar o mundo mais bonito”, diz Maria Paula Fonseca, diretora global da marca Natura. Jayme Nigri, COO do Grupo Reserva, completa: “Utilizar a proximidade que temos com o público masculino para discutir diversos assuntos, tabus e repensar o modo de agir é muito significativo nos dias atuais. Como marca, ao apoiarmos iniciativas assim, podemos estimular essa desconstrução e mostrar como é importante se desvencilhar dos preconceitos e dos estereótipos”.

 Para garantir pluralidade nos insights gerados, a pesquisa ouviu homens e mulheres de todas as idades, raças, classes e regiões. “O principal objetivo do projeto era equilibrar um conteúdo que ultrapassasse as barreiras progressistas e atingissem as pessoas que mais precisam ter acesso a esse tipo de reflexão — e, ao mesmo tempo, não deixar de fora recortes que eu considero essenciais para podermos falar em masculinidades no plural no Brasil, como masculinidades negras e masculinidades LGBTQ+”, diz Ismael dos Anjos, coordenador do projeto, e completa: “O grande ganho foi conseguir, depois de um ano, materializar um trabalho que tem a chance de fomentar conversas e gerar ações e transformações reais no mundo”.